A Casa Branca anunciou a redução das tarifas aplicadas a encomendas de baixo valor provenientes da China e de Hong Kong, uma medida estratégica com impacto direto na função de procurement e na dinâmica das cadeias de abastecimento globais. A taxa, que anteriormente se fixava nos 120%, foi reduzida para 54%, aliviando parte das tensões comerciais entre os dois países e simplificando a gestão de compras transfronteiriças.

A decisão, oficializada por ordem executiva do Presidente Donald Trump, visa mitigar os desafios associados ao chamado “loophole de minimis”, que isenta de taxas aduaneiras as remessas de valor inferior a 800 dólares. Esta isenção, que tem sido amplamente explorada por plataformas de e-commerce como Shein e Temu, levou a um aumento exponencial das encomendas de baixo valor para os EUA — hoje, mais de 90% das importações entram sob este regime, sendo 60% provenientes da China.

A redução tarifária — com entrada em vigor a 14 de maio — surge como uma oportunidade para os profissionais de procurement otimizarem custos, reforçarem a previsibilidade das operações e ajustarem estratégias de sourcing num contexto geopolítico volátil. A eliminação do previsto acréscimo de 200 dólares por envio (inicialmente agendado para julho) é mais um sinal da vontade de suavizar o impacto económico no setor.

Apesar da manutenção de uma taxa fixa de 100 dólares por envio, as novas regras abrem espaço para uma maior racionalização dos processos de compras internacionais, sobretudo para cadeias de abastecimento com forte componente de e-commerce ou dependentes de fornecedores asiáticos.

O “minimis loophole”, ao permitir a entrada de produtos com menos fiscalização e formalidades aduaneiras, tem gerado preocupações quanto à integridade das cadeias e ao risco de entrada de substâncias ilegais disfarçadas de encomendas inofensivas. A nova ordem executiva visa também restringir práticas logísticas enganosas, associadas a este tipo de remessas.

Para as plataformas digitais e retalhistas globais, a pressão para diversificar cadeias produtivas é crescente. Vietname e outros mercados alternativos ganham destaque enquanto hubs de produção, como forma de contornar instabilidades tarifárias e maximizar os benefícios de acordos comerciais regionais.

Classificada como um “reset total” pelo Presidente Trump, esta revisão tarifária representa uma nova fase nas relações comerciais sino-americanas. Segundo o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, o objetivo passa por evitar a rutura económica entre as duas potências, promovendo um modelo de colaboração sustentável e mutuamente vantajoso.

Para os líderes de procurement, esta mudança representa uma janela de oportunidade para reavaliar estratégias de sourcing, aumentar a resiliência operacional e assegurar maior compliance nas operações de comércio internacional.

Num momento em que o papel do procurement se cruza cada vez mais com a gestão de risco e a visão estratégica, este desenvolvimento sublinha a necessidade de respostas ágeis, informadas e alinhadas com os objetivos de longo prazo das organizações.