O Peru prepara-se para assumir, já em 2025, a liderança da exportação de fruta na América do Sul, ultrapassando o Chile, que tem ocupado historicamente esta posição. A conclusão é de um relatório da Direção-Geral de Políticas Agrárias do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação (Midagri) do país.
Com base em dados das exportações agrícolas entre 2012 e 2022, o estudo estima q3ue os envios peruanos atinjam os 10,194 mil milhões de dólares em 2025, superando os 9,979 mil milhões previstos para o Chile. O documento intitulado Evolução das Exportações Agrícolas do Chile e do Peru até 2024 destaca que o comércio agrícola peruano tem crescido, em média, 11% ao ano, ou seja, quase o dobro dos 6,1% registados pelo Chile.
Em 2024, o Peru já se encontrava muito próximo do seu vizinho do sul, com exportações agrícolas no valor de 9,185 mil milhões de dólares, contra os 9,403 mil milhões do Chile. Este crescimento deve-se sobretudo à performance do setor frutícola peruano, que registou uma taxa de crescimento anual de 19,6% entre 2010 e 2024, em comparação com os 6,8% do Chile.
Os produtos de destaque da agricultura peruana incluem mirtilos e abacates, cujas exportações superaram largamente as do Chile. Nas uvas, a diferença é menor, mas, se as condições climáticas forem favoráveis, o Peru poderá tornar-se o maior exportador mundial já em 2025.
No setor dos legumes, o domínio do Peru é ainda mais expressivo, com 83% das exportações da região, contra apenas 17% do Chile. Embora o crescimento seja mais moderado (3,9% ao ano contra 1,5% do Chile), os volumes exportados são significativamente superiores.
Globalmente, projeta-se que o Peru seja o quinto maior exportador de fruta do mundo em 2025, superando o Chile e ficando apenas atrás dos Países Baixos. A nível latino-americano, os principais exportadores atuais são México, Chile, Peru, Equador e Costa Rica, mas a liderança regional sul-americana passará para mãos peruanas em breve.
Apesar da crescente concorrência, o relatório sublinha o interesse de empresas dos dois países em criar alianças estratégicas que lhes permitam enfrentar os desafios dos mercados internacionais de forma conjunta, através de redução de custos logísticos, campanhas promocionais partilhadas e diversificação da oferta de produtos.
O dinamismo do setor agrícola peruano tem sido impulsionado pelo acesso preferencial a mercados estratégicos como os Estados Unidos, pela resiliência a eventos climáticos adversos e pela crescente procura global por frutas e legumes frescos. Ainda assim, o relatório alerta para possíveis riscos, como alterações nas políticas comerciais, fenómenos climáticos severos, e fragilidades em infraestruturas e relações internacionais.
Em 2022, as exportações mundiais de fruta atingiram um recorde de 137 mil milhões de dólares, segundo dados das Nações Unidas. Neste cenário, a ascensão do Peru redefine o mapa global e reforça o papel da América do Sul no comércio internacional de fruta.