Foi ontem inaugurado o Parque Logístico “Lisboa Park”, um complexo de 224.864 metros quadrados que pretende vir a tornar-se no maior parque logístico de Portugal. Já pronta está também a sua primeira nave logística de 45.171 metros quadrados de superfície bruta locável, dividida em 6 módulos.

Localizado a 30 quilómetros do centro de Lisboa, este complexo logístico tem ligações directas às auto-estradas A1, A10 e A9, bem como a uma estação ferroviária para passageiros e mercadorias situada à entrada do parque, e com ligação directa à capital portuguesa. Para além disso, espera-se que para breve arranquem as obras para o cais fluvial de Castanheira do Ribatejo e que, para além de retirar carga das estradas, é também um modo de transporte ambientalmente mais ecológico.

Sobre a nova nave, esta foi concebida “com os melhores padrões de qualidade para satisfazer as actuais exigências dos grandes operadores logísticos internacionais”, explica a empresa promotora do projecto, a Merlin Properties. Na sua construção conta com uma estrutura e recinto em betão armado, iluminação LED, vias de grandes dimensões, uma altura de 14,7 metros, um grande número de docas (existindo uma por cada 500 metros quadrados), a possibilidade de operar pela parte traseira com carrinhas, amplas áreas de manobra e um grande número de lugares de estacionamento. Ao nível da sustentabilidade e auto-suficiência, contará em breve com uma instalação fotovoltaica de autoconsumo.

“O parque tem flexibilidade para se adaptar às necessidades dos operadores e do mercado, com uma grande capacidade de desenvolvimento para executar projectos chave-na-mão ou outros projectos de investimento”, diz a empresa, acrescentando que o seu objectivo é posicionar-se e consolidar-se como a referência logística em Portugal e reforçar a sua posição de liderança na Península Ibérica.

Como primeiro anúncio, a Merlin Properties avança que está previsto arrancar em breve o futuro centro logístico do grupo Jerónimo Martins também naquele parque logístico.

“O que faltava era vir para cá a primeira empresa”, destaca o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, em entrevista à Supply Chain Magazine, acrescentando que “este arranque da Plataforma Logística Lisboa Norte é um marco importante e um pólo essencial de desenvolvimento económico associado para o concelho de Vila Franca de Xira”. O autarca conta que acompanhou todo o processo e começa por explicar o longo percurso pelo qual a plataforma passou, desde logo a demora na sua aprovação, e de seguida o contexto que fez com que a plataforma não arrancasse, como o contexto de “contraciclo económico” em que se encontravam na altura.

Ismael Clemente, CEO da Merlin Properties, conta que “o que fizemos depois de termos comprado o complexo à Saba em Outubro de 2015 foi uma primeira avaliação da situação para sabermos como estávamos em termos de licenciamento, e decidimos que em caso de ir para a frente teríamos de avançar de uma forma especulativa, fazendo um primeiro armazém logístico e só depois de inaugurar, falar”. Esta decisão foi tomada em finais de 2019, quando apresentaram o projecto à Câmara de Vila Franca de Xira, mas “temos de admitir que durante a pandemia tivemos muitas dúvidas se estávamos a fazer o correcto ao investir, mas normalmente uma empresa de imobiliário quando começa uma obra de construção tem de terminar”, comenta ainda.

Apesar de ainda terem presente o medo de iniciarem este percurso ainda sem clientes, avançaram. “Tivemos muita sorte e já quase no final da obra a procura apareceu e agora está cheia. Como já aconteceu noutros parques logísticos na Península Ibérica, o que temos de fazer agora é fazer mais, porque tal como também diz o presidente da Câmara, as empresas gostam de ter mais empresas perto de si”.

 

“Quando existe um parque já consolidado, que conta com 20 ou 30 operadores instalados, toda a gente quer trabalhar nesse parque porque é um sucesso”

Ismael Clemente

“Agora que temos boa procura, vamos avançar com mais uma nave e continuar a trabalhar para ter o parque completo”, acrescenta.

Ao nível deste aumento da procura, Ismael Clemente destaca que “o e-commerce está agora a criar uma época dourada da logística e isso tem-nos ajudado em termos de comercialização do complexo”, e esta proximidade à metrópole é precisamente o que as empresas procuram. O CEO destaca algumas das vantagens para as empresas que se queiram instalar no Lisboa Park: “proximidade, qualidade de conexão com a área da Grande Lisboa e multimodalidade”, esta última devido aos acessos rodoviários, ferroviários e, talvez para breve, também fluvial.

Em jeito de conclusão, Alberto Mesquita explica que “não é por acaso que esta plataforma se chama Lisboa Norte. Nós queremos extrair o que de melhor Lisboa pode dar, e pode-nos dar muita coisa”, e a nível económico “certamente que esta plataforma vai cumprir o seu desígnio que é o de ser uma plataforma a Norte de Lisboa, e há muito trabalho que aqui se desenvolve que faz falta a Lisboa. Há aqui uma ligação que me parece interessante. Começou hoje, o amanhã ainda vai ser melhor”.

De referir que mais de 14 anos se passaram desde que se ouviu falar pela primeira vez na “Plataforma Logística Lisboa Norte”, uma das plataformas urbanas previstas no plano nacional “Portugal Logístico”, apresentado durante o governo de José Sócrates, no Edifício da Alfândega, no Porto.

O desenvolvimento desta infra-estrutura logística ficou inicialmente a cargo da Abertis Logística. Passaria uns anos depois para a Saba Parques Logísticos Portugal mas, uma e outra, não conseguiram atrair interessados que viabilizassem o desenvolvimento do projecto e até finais de 2019, as únicas obras visíveis eram as de infra-estruturação e os acessos rodoviários, da responsabilidade da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.

Em Janeiro de 2019, a Merlin Properties anuncia então que vai mesmo avançar para a construção da primeira fase da plataforma.