Foi necessário adaptar. Ao longo dos últimos meses temos sentido um abalo nas nossas cadeias de abastecimento, e o distanciamento social tornou-se uma prioridade e até uma urgência, não só para as empresas, mas para as pessoas em geral. Muitas empresas entraram em lay-off, outras fecharam e grande parte adoptou um método que virou moda, o teletrabalho e o estar remoto, como forma de não deixar a máquina parar.

E agora? O que será feito do que foi sendo construído ao longo dos últimos anos?… Pois bem, a resposta não é concreta, e muito menos definitiva, mas o futuro é aquilo que nós traçarmos, e por isso mesmo a Supply Chain Magazine reuniu vários profissionais do sector, modernizou-se e, em tempo de distanciamento social, avançou para um inovador modelo virtual do seu maior evento: a SCM Digital Conference. Foi precisamente sobre o tema “Construindo a Supply Chain do Futuro” que os profissionais se focaram ontem, durante duas horas, numa abordagem mais direccionada para as questões estratégicas e de liderança.

Hoje vai falar-se de estratégia e operações e ainda vai a tempo de inscrever-se gratuitamente no nosso site e assistir à emissão a partir das 17h00. E se ontem não pôde assistir, não se preocupe, aqui fica o resumo dos tópicos mais importantes do dia.

Abandonando o ambiente das tradicionais janelas de video-chamadas que ao longo dos últimos meses têm caracterizado os dias da maioria dos profissionais, a SCM Digital Conference estreou-se no streaming com um palco e cenário virtual onde os 23 oradores e as empresas patrocinadoras são as grandes estrelas.

Esta reinvenção da forma de estar em streaming foi possível graças à colaboração com a CDNTV e fundamental para acrescentar ainda mais valor à conferência que temporariamente migrou para o online.

Foi com o tema “Construindo a Supply Chain do Futuro” que Luís Solís, professor universitário especialista em Supply Chain Management & Operações, iniciou a sua apresentação, começando pelo “pré-Covid”, e recorda a sua intervenção na SCM Conference de 2019, onde um dos seus tópicos de discussão abordava o seu ponto de vista relativamente à próxima geração de cadeias de abastecimento, ainda antes da pandemia.

O orador explica que em países mais desenvolvidos como os Estados Unidos, em termos de avanços em direcção à chamada supply chain do futuro, 70% dos projectos estavam focados nas operações e cadeia de abastecimento.

“O principal possibilitador desta evolução nesta geração foi a tecnologia, e dentro desta, as tecnologias 4.0” – Luís Solís

Segundo explica também, os temas que começaram a surgir logo no início do século XXI eram a Irreversibilidade da Globalização e a Disrupção da Cadeia de Abastecimentos. Luís Solís mostra que nessa altura já existia uma preocupação com a resistência, resiliência ou robustez das cadeias de abastecimento.

O realinhamento anterior das cadeias de abastecimento em formato digital baseava-se em quatro pontos: supply chains mais curtas, mais rápidas, mais inteligentes e mais seguras. Destas, destacou a velocidade e a segurança como as mais imediatas e com maior importância, sendo que também acredita que a segurança seja ainda mais necessária, destacando-a como sendo uma medida urgente.

Quando questionado sobre a maturidade das empresas apresentada nestes primeiros meses a lidar com o Covid-19, e se estas estarão preparadas para enfrentar a pandemia, Luís Solís considera que não, mas não descarta a possibilidade de algumas estarem. O professor considera que em termos de tecnologias, desde software e hardware, de robótica e inteligência artificial são cada vez mais essenciais e será mais fácil de serem implementadas dentro das empresas, e defende que nesta fase não são só as mais pequenas a precisar de ajuda, “mesmo dentro das maiores 2.000 empresas do mundo existe esta necessidade de apoio no processo de análise e de tomada de decisões para avançar mais depressa”.

De seguida, Gonçalo Botelho de Sousa, Senior Manager da Capgemini, moderou o painel de debate de Paulo Barradas Rebelo, CEO da Bluepharma, Mauro Cardoso, Managing Director da Monliz, e Hélder Guerreiro, Industrial Managing Director da Sofarimex. O desafio foi de compreender “que lições e ensinamentos para a gestão das cadeias de abastecimento” nos trouxe o Covid-19, porque mais do que falar de problemas e de soluções, é importante mantermo-nos positivo e aprender com as dificuldades.

Precisamente no dia em que a rádio fez 124 anos, como introduz desde logo Gonçalo Botelho de Sousa, a tecnologia volta a mostrar a sua imprescindibilidade intemporal, pois é precisamente nas tecnologias que muitas decisões se baseiam, especialmente as 4.0.

Antes de falar das aprendizagens, centraram-se na adaptação a estes primeiros tempos. Nenhuma das três empresas parou. Descubra em maior detalhe que ensinamentos estes oradores obtiveram com a pandemia e de que forma conseguiram superar as suas dificuldades AQUI.

Seguidamente, Tiago Fernandes, Senior Solution Sales Executive – Digital Supply Chain da SAP, abordou a “Visão 360º das operações de Supply Chain” e a importância que esta tem para o planeamento e para a gestão. O responsável tecnológico também defende que este momento de incerteza está a obrigar os profissionais a repensar as suas estratégias de actuação e que é importante obter uma visibilidade completa para garantir que as operações nas organizações não param e terem uma “visão para o futuro”.

O responsável explica as vantagens que pode obter neste sentido através da plataforma SAP seja em termos de visão, planeamento ou previsibilidade, como forma de optimizar o mais possível as estruturas produtivas de modo a que não existam quebras de receita ou perdas de rentabilidade.

“A tendência de futuro é de garantir que deixamos de ter uma supply chain reactiva e passamos a ter uma supply chain completamente preditiva” – Tiago Fernandes.

Questionado sobre o impacto da relação entre o aparecimento da pandemia e a aceleração que se deu nas empresas em termos de transformação digital, o tecnológico concorda que o Covid-19 veio realmente acelerar esse processo de digitalização e de tomada de decisão das empresas que “estavam, por vezes, 10 anos para decidir” e que agora estão a decidir em poucos meses.

A terminar o dia, José Costa Faria, Professor and Senior Supply Chain Consultant, conta-nos a história de João. Um personagem fictício completamente normal, com 40 anos e um nome também ele vulgar, com quem facilmente nos identificamos, e que poderia ser qualquer um de nós. Trabalhador há cinco anos na XPTO, uma empresa como qualquer outra, que no caso fornece equipamentos de produção de outras indústrias como o sector automóvel, para os mercados nacional e internacional, iniciou o ano de 2020 como director de supply chain da empresa, acumulando ainda funções de compras e procurement.

Mas João, tal como todos nós, foi também ele surpreendido pela pandemia. Após dois meses e meio neste cargo, chega a pandemia, e teve um grande impacto na sua supply chain. Os seus desafios eram ser capaz de manter viva a cadeia de abastecimento complexa e de liderar uma nova equipa directa e uma indirecta. Iria precisar de ajuda e de conhecer rápida e detalhadamente a sua equipa, conhecer as suas características, competências, skills, pontos fortes e fracos, ambições e nível de compromisso. Através deste conhecimento, João poderia criar planos de acção individual para abordar um futuro incerto, mas sabia que o caminho que percorrera até ali já não seria o mesmo que fora percorrido anteriormente.

Assista ao primeiro dia completo AQUI, descubra como termina a história de João, e mais uma vez, não perca a oportunidade de estar presente no segundo dia do evento inscrevendo-se gratuitamente AQUI.

Galeria do primeiro dia: