O primeiro dia da SCM Digital Conference já passou, e com ele muitos temas da actualidade vieram a debate sob o mote “Construindo a Supply Chain do Futuro”. Foi ainda neste dia, em que no 124º da rádio se falou também de inovação e tecnologia para o futuro, que se deu um painel de debate composto por Paulo Barradas Rebelo, CEO da Bluepharma, Mauro Cardoso, Managing Director da Monliz, e Hélder Guerreiro, Industrial Managing Director da Sofarimex, moderado por Gonçalo Botelho de Sousa, Senior Manager da Capgemini.
O objectivo do painel era perceber quais as aprendizagens importantes de reter que a pandemia trouxe para as empresas, mas antes, o moderador questionou os intervenientes sobre como foi feita a adaptação a estes primeiros tempos.
Mauro Cardoso comenta que “vivemos ao ciclo da natureza”, mas que ela veio em má altura, precisamente quando estavam a preparar a unidade industrial para um ano intenso de campanhas. O responsável da Monliz explica que “trabalhamos 24/7 durante praticamente todo o ano, e temos apenas seis semanas para fazer toda a manutenção mais pesada da unidade industrial e fazer novos investimentos”.
“De um momento para o outro ficámos com o milho nas mãos” – Mauro Cardoso
Hélder Guerreiro comenta que “desde o primeiro momento percebemos que estávamos na linha da frente no combate a esta pandemia”, e logo em Fevereiro começaram a encomendar matérias-primas, muito antes de se saber onde iria esta pandemia chegar, o que se revelou ser “uma decisão acertada”. Sentiram os abalos do lock down da Índia e da China, mas mesmo em tempos de pandemia a produção aumentou em cerca de 30%, “com muita agilidade e colaboração”.
“Aprendemos muito com esta pandemia, aprendemos que é um privilégio ser europeu” – Hélder Guerreiro
O CEO da Bluepharma começa por falar da imprevisibilidade com que chegou a pandemia e quebrou todo o planeamento que tinham. Paulo Barradas Rebelo critica que “é uma pandemia muito injusta”, pois metade dos seus colaboradores tiveram de se adaptar ao teletrabalho, mas que graças aos esforços de todos conseguiram mesmo assim aumentar a produtividade. “Enquanto nas televisões e os nossos responsáveis apelavam ao ‘fique em casa’ eu apelei durante todo este tempo ao ‘venha trabalhar’ ”, pois encontravam-se num sector considerado essencial, o da saúde.
“No dia em que deixarmos de ter medicamentos nas farmácias, que deixarmos de ter alimentos nos supermercados e que deixarmos de ter médicos nos hospitais, nessa altura vamos todos para casa” – Paulo Barradas Rebelo
Mas a aprendizagem foi imensa, e para o futuro também há muitas coisas a mudar. Mauro Cardoso defende que é importante trabalhar com parceiros de business continuity bem implementados e trabalhados, de confiança e que “a montante e a jusante se preocupem com a resiliência da sua operação”. Investimento em IT foi outro dos pontos importantes, e o representante da Monliz explica que já há alguns anos que se estavam a focar na digitalização e que agora foi bastante importante para responder ao Covid. Ainda como recomendação, defende a automatização de processos, e explica que a tecnologia sido importante para o sector agrícola, mas “ainda há muito investimento a fazer”, tendo também sido pioneiros na automatização da colheita de alguns produtos.
Hélder Guerreiro aprendeu que podem fazer imensas tarefas que habitualmente eram feitas presencialmente sem ser necessário viajar, ou ter equipas de alto rendimento a trabalhar a partir de casa. Noutro sentido, também defende que “é possível que esta pandemia traga muita coisa boa para Portugal”.
“Aprendemos que temos de ser humildes, e as nossas fragilidades, e como de repente tudo se pode desmoronar ou transformar”, defende Paulo Barradas Rebelo, a acrescenta que ao mesmo tempo também os ensinou a conhecer melhor os seus fornecedores e clientes. “Cooperação, neste momento, é um tema que tem de cada vez mais estar em cima da mesa”, e a ela junta-se a aprendizagem sobre os valores do meio ambiente.
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