A The Navigator Company suspendeu temporariamente, pela primeira vez, a produção de pasta na sua fábrica em Aveiro devido à escassez de madeira nacional, segundo o Jornal de Negócios.

A interrupção, que decorre até ao dia 29 de outubro, foi potenciada pelo desequilíbrio entre o preço de venda da celulose no mercado “spot”, e o custo da importação da madeira proveniente de origens mais marginais.

De acordo com a empresa, a suspensão deveria durar mais de um mês. Contudo, devido ao incêndio que ocorreu na fábrica de Setúbal, em julho deste ano, fez com que essas instalações ficassem temporariamente suspensas, reduzindo assim a necessidade de madeira marginal. Desta forma, a paragem na fábrica de Aveiro, limita-se apenas a 11 dias.

No entanto, a The Navigator Company garante que ainda não houve impacto na unidade de produção de papel doméstico e sanitário, em Aveiro, que continua a ser abastecida por stocks de pasta seca em fardos, e pela integração com a pasta de mercado que vem do complexo industrial da Figueira da Foz. Se for necessário, a empresa indica que esta unidade pode também recorrer a pasta comprada nos mercados internacionais, que têm um maior volume de oferta.

A empresa assegurou que os clientes contratuais de celulosa de Aveiro não foram afetados, visto que foram fornecidos a partir dos stocks existentes, ou da produção na Figueira da Foz.

No ano passado, o autoabastecimento de madeira proveniente de património próprio e arrendamentos representou apenas 13% das necessidades do Grupo. A The Navigator Company recorda que, em 2021, 65% da madeira utilizada era nacional, 10% vinha do mercado espanhol, e 25% era importada de fora da Península Ibérica.

Para fazer face à escassez, a empresa tem vindo a diversificar as suas fontes de matérias-primas. Atualmente compra madeira não só na Galiza e em Moçambique, mas também em Cantábria, Andaluzia e Estremadura, além de países como Uruguai e Brasil.

“Esta diversidade de origens faz parte da estratégia da Navigator, centrada na diversificação geográfica dos fornecedores e na otimização da cadeia de abastecimento”, indica a fonte oficial da empresa. Ainda assim reitera que, devido às restrições legais à plantação de novas áreas florestais, “o recurso à importação será sempre uma necessidade não evitável no curto, médio e longo prazo”. A Navigator considera estas restrições à plantação do eucalipto como um entrave à competitividade do setor.

Fotografia: The Navigator Company