Estudo revela que dois terços das empresas portuguesas sofrem impactos negativos com faturas por pagar.
A morosidade está a tornar-se uma ameaça real para a saúde financeira das empresas portuguesas. Segundo o mais recente Estudo de Gestão de Risco de Crédito, promovido pela Crédito y Caución e pela Iberinform, 65% das empresas afirmam ter sentido impactos negativos nas suas contas de resultados devido a faturas não pagas, e 11% admitem que esta realidade coloca em risco a sua própria sobrevivência.
O estudo, que recolheu respostas de mais de 300 gestores de empresas de diferentes setores e dimensões em Portugal, pinta um cenário preocupante: 36% das empresas indicam aumentos nos custos financeiros devido à morosidade, 35% foram obrigadas a travar a expansão comercial, e um número igual afirma ter sofrido perdas significativas de receitas. Além disso, 33% tiveram de limitar os seus investimentos futuros, comprometendo assim a sua capacidade de crescimento e inovação.
Morosidade: o efeito bola de neve
A morosidade afeta diretamente a liquidez das empresas, criando tensões que comprometem a estabilidade das operações — sobretudo nas pequenas e médias empresas. A dificuldade em receber pagamentos no prazo acordado implica que os custos de produção não são cobertos, agravando o impacto financeiro.
Este problema é particularmente dramático quando se analisam os números: uma empresa com uma margem de lucro de 10% que sofra um incumprimento de 10.000 euros terá de gerar 100.000 euros em novas vendas para compensar os 9.000 euros perdidos em custos de produção. É um esforço muitas vezes inatingível, especialmente num ambiente de margens reduzidas e incerteza económica.
Este retrato evidencia a urgência de uma abordagem mais robusta à gestão de risco de crédito nas empresas portuguesas. A prevenção da morosidade e a implementação de políticas eficazes de controlo de crédito são cruciais para garantir a sustentabilidade e a competitividade das organizações.
Face a um contexto económico volátil, a solidez financeira das empresas passa não apenas por aumentar receitas, mas por assegurar que essas receitas se concretizem em pagamentos efetivos. O não cumprimento de obrigações comerciais está a transformar-se numa das principais barreiras ao crescimento do tecido empresarial português.