As empresas Riopele e Mundotêxtil já exprimiram as suas dificuldades de exportação devido aos conflitos no Médio Oriente. As empresas têxteis apresentam dificuldades nas suas cadeias de abastecimento ao nível das rotas, lead times e do sourcing, segundo avançou o Jornal T.

A Riopele foi a primeira a tornar público este impacto, admitindo que foi necessário repensar todo o sistema logístico e procurar rotas alternativas, de modo a continuar a dar resposta às necessidades dos seus clientes.

Paulo Oliveira, diretor do departamento de compras da Riopele, revela que “a guerra entre Israel e o Hamas, seguida dos ataques aos navios no Canal de Suez por parte do grupo Houthi, levou a que as grandes companhias marítimas desviassem a sua rota normal pelo Mar Vermelho para o sul de África, pelo Cabo da Boa Esperança, tendo como consequência direta o aumento do frete e do transit time”, levando a um aumento de cerca de duas semanas adicionais num transporte marítimo vindo da Ásia.

No caso da Mundotêxtil, a principal produtora de felpos em Portugal, os impactos são diversos. À fonte, Ana Vaz Pinheiro, administradora da empresa, destaca que “além dos desafios nas compras/aprovisionamentos, observamos atrasos nas entregas devido ao transporte, afetando diretamente os nossos clientes que nos têm solicitado encomendas com prazos de entrega mais curtos, o que tem exigido uma gestão mais precisa e ágil da logística”.

Atualmente, os lead times estão em cerca de dois meses, quando habitualmente este transporte demorava 22 a 25 dias a partir do Paquistão e Índia. “Isso resultou em aumentos significativos nos custos de transporte e seguros dos contentores”, explica. Deste modo, a Mundotêxtil está a ajustar os seus processos para aprovisionar com uma maior antecedência, “o que implica um aumento na disponibilidade financeira para manter os níveis de stock adequados”.