Representantes de alto nível da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) informaram os representantes do European Shippers’ Council (ESC) que “o continente está numa situação pré-guerra”, existindo uma possibilidade de a invasão russa à Ucrânia se estender a outros países fronteiriços, bem como uma escalada do conflito israelo-palestino. A notícia foi avançada pelo El Mercantil e teve por base “fontes totalmente confiáveis”.

Segundo avançou a publicação, a presença de militares da NATO e do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE) em fóruns dedicados às infraestruturas e cadeias de abastecimento, sendo chefiados até à data pelo Alto Representante para a Política de Segurança, o espanhol Josep Borrell, está a tornar-se comum. A fonte do ElMercantil avança ainda que “é a primeira vez que os militares aparecem nestas reuniões setoriais”, devido aos diferentes conflitos geopolíticos que ameaçam a paz mundial.

A recente conferência Connecting Europe Days, organizada pela Comissão Europeia em Bruxelas no início de abril, contou com a presença do SEAE, onde foi referida a obrigação de modernizar a rede ferroviária transeuropeia para a adaptar ao transporte de material militar pesado, como rota alternativa aos conflitos geopolíticos que cercam o continente.

“A mensagem de que ‘a Europa está numa situação pré-guerra’, transmitida pela NATO ao responsável European Shippers Council (ESC), pôde ser ouvida numa reunião à porta fechada que teve lugar em Bruxelas, na primeira semana de abril”, avançou o jornal espanhol.

A notícia também avança que “o que o comando da NATO veio dizer é que se estamos num contexto pré-guerra, com um elevado nível de defesa ou alerta devido às guerras na Ucrânia e em Gaza e nos conflitos no Sahel, a proteção dos navios comerciais à medida que atravessam o Mar Vermelho tem uma eficácia limitada nas cadeias de abastecimento”, e que este seria maior num contexto de “normalidade”.

“A proteção dos navios é legítima e aparente, mas insuficiente para aliviar as tensões da cadeia de abastecimento quando se encontra no prelúdio de uma guerra”, citou ainda o ElMercantil o responsável da NATO.

Segundo um documento de trabalho preparado pelos coordenadores da rede transeuropeia para a conferência de Bruxelas, também avançado pela fonte, pode ler-se que “a agressão da Rússia revelou várias deficiências no sistema de transportes europeu e, sobretudo, em relação às nossas ligações com a Ucrânia. A guerra também destacou a importância crítica da mobilidade militar fluida no nosso continente. A rede RTE-T [novo regulamento da Rede Transeuropeia de Transportes], e em particular os principais corredores em malha, devem ser concebidos tanto para utilização civil como militar. Sempre que necessário, a rede deve ser modernizada para se adaptar a estes requisitos de dupla utilização, por exemplo, para o transporte de equipamento militar pesado”, identificando ainda a necessidade de a UE continuar com a sua boa colaboração com a NATO para chegar a um acordo sobre as regras e procedimentos necessários para fortalecer e manter comboios militares ao longo da rede RTE-T em tempos de paz, crise e guerra.

Nos últimos dias a Polónia também se mostrou recetiva a receber armas nucleares da NATO, e a Rússia também já se manifestou de que caso a defesa polaca implemente este plano, a Rússia tomará “todos os passos necessários para garantir a sua segurança”.