A AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel apresentou em Vila Nova de Gaia os resultados de um estudo sobre Transformação Digital e Cibersegurança aplicada à Indústria de Componentes para Automóveis. Em termos globais, o estudo teve como objetivo fazer um levantamento sobre o “Estado da Arte” do setor, abordando questões cruciais como a Transformação Digital, a Cibersegurança e a Ciber-resiliência, temas atuais e na agenda dos responsáveis nacionais do setor automóvel.

 

Em 2023, a indústria portuguesa de componentes para automóveis atingiu um novo recorde absoluto, o volume de negócios ultrapassou os 15.000 milhões de euros, um crescimento de dois dígitos face a 2022, +11%. O setor é altamente exportador, com as vendas diretas ao exterior a representarem mais de 85% da atividade das empresas. No mesmo ano, as exportações de componentes automóveis foram responsáveis por 16,5% das exportações nacionais de bens transacionáveis. As 350 empresas que constituem esta indústria, geram 63.000 postos de trabalho diretos, com níveis de produtividade e remunerações acima da média da restante indústria transformadora.

No que diz respeito à transformação digital, 32% das organizações entendem que a mesma deve passar pela automação e pelo incremento de produtividade no posto de trabalho. A digitalização de processos (15%), o foco no aumento da agilidade (9%) e a Importância do acesso à informação, foram aspetos também referidos como necessários para garantir a desejada transformação digital em curso no setor.

Em termos de cibersegurança, tema essencial no sentido de salvaguardar o normal funcionamento da atividade das organizações do setor, a maior parte das entidades inquiridas é de opinião que são detentoras de boa capacidade de proteção nas áreas do Data Center e da Segurança de Perímetro, bem como, detentoras de adequadas políticas relacionadas com a prevenção e reposição dos sistemas críticos em caso de incidente.

Considerando que os dados são um ativo fundamental para a atividade das organizações, 91% das entidades representadas entende que assegura a continuidade do negócio e principais processos no caso de perda de dados, com backups, planos de contingência e redundância de sistemas e processos assegurados. As práticas relacionadas com a proteção do acesso e a segmentação dos dados, bem como o conhecimento relativo às normas da NIS2 (cibersegurança), foram salientadas como aspetos a melhorar.

De destacar também a importância dada ao fator humano na prevenção, nomeadamente, a necessidade de se promover o treino dos colaboradores das organizações representadas. Pese embora 22% das organizações inquiridas considerar ter um elevado nível de preparação, foi identificada a necessidade de se incrementar o conhecimento, a formação e o treino dos comportamentos adequados para prevenção de ataques externos/internos, tais como Phishing, Malware, Ransomware, Engenharia social, entre outros, de forma a minimizar a exposição indevida a incidentes cibernéticos.

Quanto às principais dificuldades que podem comprometer uma cibersegurança bem sucedida, que assegure um nível de proteção elevado, foram referidas como mais relevantes a falta de conhecimento interno (31%), a existência de infraestruturas tecnológicas debilitadas (27%), bem como, a reduzida orientação da gestão de topo, dificuldades a nível do recrutamento de quadros especializados e algumas limitações a nível da capacidade de investimento.

No âmbito do estudo foram ainda abordados outros aspetos como a cada vez mais relevante presença da tecnologia no chão de fábrica, os desafios e oportunidades relacionados com a inteligência artificial, a importância dos centros de operação de cibersegurança e networking como apoio à operação e a aplicabilidade de normas específicas para o setor automóvel, como a TISAX.

O estudo foi realizado pela UP MOTION, empresa de Engenharia Tecnológica, com a coordenação pedagógica da UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro no âmbito da Agenda “A-MoVeR – Agenda Mobilizadora para o Desenvolvimento de Produtos e Sistemas Inteligentes de Mobilidade Verde”.