No primeiro dia da SCM Conference olhámos para o futuro das cadeias de abastecimento e para a necessidade de diferenciação durante épocas críticas como a que estamos a passar.

Alexandre Real, partner da Sfori, deu início à conferência com o tema “A inteligência paradoxal”. O mundo recente está cheio de contrastes de contradições. Um dos problemas que aponta é o excesso de informação, em contraste com a sua escassez, e afirma que o conhecimento de hoje pode ser uma armadilha. “O Homem de hoje, num dia, recebe tanta informação quanto o Homem da idade média durante a vida toda”, exemplifica.

Seguidamente, Raffaele Carpi, partner da McKinsey & Company, começa por falar da “tempestade perfeita” que se vive nas supply chains. Com o tema “The world is and will be more complex: is your supply chain ready?”, o responsável trouxe alguns exemplos de como a mudança tem estado a impactar as cadeias de abastecimento dos dias de hoje, e da importância de as empresas se adaptarem às situações, com resiliência e flexibilidade.

Seguidamente, Joana Moreira, diretora de logística do Lidl Portugal, toca no tema da sustentabilidade, através do caso do combate ao desperdício no Lidl. “A importância estratégica de combater o desperdício na logística” foi o tema escolhido para a sua intervenção, e que envolveu desde o desperdício alimentar ao desperdício energético.

Quase a terminar o dia, deu-se a mesa-redonda “Cadeia de Abastecimento: Inovar na disrupção”, com a presença de Gonçalo Santos, CEO da Iberol, Ricardo Santos, general manager da Mistolin, Miguel Silvestre, presidente do conselho de administração da Plural + Udifar, e António Marcelo, vice president global supply chain da Visteon Corporation, sob a moderação de José Costa Faria, senior Supply Chain Consultant & Leadership Specialist.

A primeira questão que lançou foi precisamente “O que está a mudar?”.

Ricardo Santos começa por dizer que “vivemos num mundo Rock&Roll” em constante mudança e adaptação. No caso da Mistolin, lançaram recentemente 120 produtos na Mistolin, e que por trás de cada produto existe toda uma equipa preparada para o desenvolver. “Isto é o Rock&Roll de todos os dias. Tem de haver uma relação muito colaborativa entre a Mistolin e os seus fornecedores”, explica ainda, sublinhando que “as relações têm de ser cada vez mais colaborativas”.

António Marcelo aponta que na Visteon, uma das inovações que tiveram foi através de uma gestão global da cadeia de abastecimento, localizada em Portugal, em Palmela. Através desta localização, conseguem ter acesso a todo o nível de stocks, de necessidades, de disrupções e atrasos ao longo da cadeia global, e poderem responder com melhor prontidão a cada situação. “Acabou por diminuir as disrupções e os excessos de inventário”, explica o responsável.

No caso da distribuição farmacêutica, Miguel Silvestre afirma que ficaram um pouco “amarrados”, mas que a inovação é uma constante na Plural + Udifar. No início da pandemia houve uma escassez de medicamentos, e não havia um plano B. “Os medicamentos começaram a entrar em rutura num setor que sempre foi muito planeado”, afirma.

Gonçalo Santos dá o exemplo do biocombustível, em que o produto tem um preço baseado nas emissões que tem para a atmosfera. Em termos de inovação, procuram dentro dos seus próprios parceiros que estes reduzam as suas emissões de transporte, e os transportes ferroviário e marítimo são duas opções com emissões mais reduzidas. “O esforço adicional por parte dos operadores é encontrar ferramentas para tornar todo este processo mais verde”, considera o responsável.

A terminar o dia, José Soares, professor catedrático de Fisiologia da Universidade do Porto, trouxe o tema “O impacto do stress e da fadiga na performance individual e das equipas”. Ao longo do seu discurso, apontou a relação entre o stress e a fadiga na performance das equipas, bem como a influência dos seus estados de espírito, tanto para a positiva como para a negativa.