A Medway atribuiu hoje, dia 20 de março, 38 Certificados de Transporte Sustentável aos seus clientes, como forma de os distinguir pelos seus contributos para a redução carbónica em 2022, ao utilizarem a ferrovia ao invés da rodovia. Ao todo foi evitada uma emissão de 102.194 toneladas de CO2 eq. para a atmosfera, comparativamente ao que emitiriam caso o transporte fosse feito por rodovia.

Este foi o terceiro ano consecutivo em que a Medway atribuiu este prémio aos seus clientes, tendo 2022 apresentado um valor recorde, tanto em emissões de carbono, como em clientes premiados, demonstrando assim o contributo para a redução das emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera obtida através do transporte de mercadorias. De acordo com a empresa, tem sido registada uma evolução positiva na procura de soluções mais ecológicas, assim como no número de entrega destes documentos, revelando o interesse dos clientes em conhecer o impacto ambiental que tiveram ao escolher o comboio para transportar as suas mercadorias.

Para além da distinção, esta é também uma forma de promover e consciencializar as empresas para as vantagens ambientais da utilização dos meios ferroviários para o transporte de mercadorias. Carlos Vasconcelos, presidente do Conselho de Administração da Medway, reconhece que “o transporte de pessoas e mercadorias é responsável por 28% do total de emissões de CO₂ para a atmosfera, em Portugal”, mas que “através de escolhas mais conscientes, tornar o setor logístico e de transportes cada vez mais ecológico é uma prioridade para nós”.

Relativamente às preocupações ambientais por parte dos clientes da Medway, e à sua participação nos Certificados de Transporte Sustentável, Isabel Marques, Quality & Environment Manager da empresa, considera que “é cada vez mais importante pensar sobre os impactos da ação humana no meio-ambiente e sobre a melhor forma de os gerir. É fundamental para toda a cadeia de abastecimento ver os seus negócios associados a uma menor pegada ambiental. Neste contexto, os Certificados de Transporte Sustentável adquirem uma enorme relevância, pois dão ao cliente a informação relativa à quantidade de emissões de CO₂ eq que evitam, por recorrerem ao transporte por modo ferroviário, que é comprovadamente o meio de transporte mais amigo do ambiente”.

“Temos em mente que é urgente a consciencialização ambiental deste setor e que cada vez mais as empresas combinem as vantagens ambientais da ferrovia com a adoção de medidas para reduzir a pegada ambiental do setor logístico. Acreditamos que, com os investimentos e estratégia que temos aplicado, representamos um forte contributo para a sustentabilidade da indústria”. – Carlos Vasconcelos

Quando comparados, e tendo por base os dados da Medway, o transporte ferroviário consegue uma redução de emissões de CO₂ eq de cerca de 70%, quando comparado com o transporte rodoviário necessário para a mesma carga, e poderá mesmo atingir os 100% caso sejam utilizadas locomotivas elétricas, algo em que a ferroviária tem investido para tonar a sua frota mais eficiente e sustentável, bem como duas medidas essenciais: a eletrificação total da rede e o livre acesso dos operadores ao mercado da eletricidade. “Por isso, o comboio é considerado o meio de transporte de mercadorias mais sustentável e também o que acarreta menos custos e permite reduzir o tráfego das estradas”, aponta o comunicado.

A cerimónia contou ainda com a presença do Secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, que começou por “felicitar esta iniciativa da Medway distinguir os seus clientes, pela escolha que fazem ao transportar as suas mercadorias por comboio”, mas “nós temos consciência de que a responsabilidade ambiental, por si só, e este reconhecimento, não é suficiente e não basta para que os clientes possam escolher o modo ferroviário”.

O Secretário de Estado considera ainda que a transferência modal da rodovia para a ferrovia “só se dará, e só continuará, se o modo ferroviário conseguir oferecer aos seus clientes um custo baixo e uma elevada fiabilidade”, sendo que este último ponto “é um aspeto em que a ferrovia, hoje, tem alguma dificuldade em competir com a rodovia”.

Nesse sentido, e em declarações à SCM, Bruno Silva, diretor-geral da Medway, destaca que “os dois modos não são estritamente concorrentes entre si, também têm um grande potencial de complementaridade, e hoje são complementários”, dando como exemplo o transporte intermodal, e que cada um dos meios tem as suas vantagens próprias e espaço para existirem no mercado em simultâneo.

“Penso que a questão mais crítica no final do dia tem que ver com aquilo que é o preço de transporte da mercadoria. O tempo de trajeto, e mesmo em distâncias mais curtas, que é a nossa realidade do país, o importante é a rotação que conseguimos dar aos ativos. Portanto, com altas frequências de comboios, com um tempo de trajeto mais fiável, a diferença face à rodovia não é tão crítica, e depois depende muito de mercadoria para mercadoria. Mercadorias com alto valor acrescentado que precisem de entregas JIT, eventualmente o tempo tem um valor significativo, mas isto é uma realidade muito reduzida daquilo que são as mercadorias que se movimentam. Portanto, eu diria que no final do dia, o ponto fundamental é a fiabilidade do transporte, o preço a que se realiza, e a sustentabilidade”, considera.

O diretor-geral reforça a importância de que tanto a ferrovia como a rodovia tenham acesso a condições de apoio idênticas, considerando que “o importante é que as regras do jogo sejam iguais”, e que “um comboio ‘vai a jogo’ tendo custos energéticos muito superiores sem qualquer tipo de apoio, como estamos a ver neste momento, apesar de termos um governo muito sensível a essa situação”.

“O importante é que as regras do jogo sejam iguais”. – Bruno Silva

Algumas diferenças sentidas pelo responsável são ao nível energético, visto a componente rodoviária já ter o gasóleo profissional renovado para este semestre, enquanto ainda nada foi feito para a ferrovia, e ao nível dos custos de utilização das infraestruturas, em que o comboio suporta 100% destes valores diretos, enquanto na rodovia paga apenas uma parcela nas autoestradas, mas não nas estradas nacionais, caso opte por as utilizar. “Como as regras do jogo são diferentes, isto vai-se notar depois no preço direto do transporte. Esse é o principal fator que não ajuda a que clientes possam usar tanto o comboio”, afirma.

Também Carlos Vasconcelos destacou ser “urgente e imperativo que as políticas governamentais não continuem a favorecer a rodovia, como vem sendo feito, mais concretamente refiro-me à necessidade dos incentivos e apoios governamentais, que sejam idênticos para os dois modos de transporte, o que hoje não sucede. Por outro lado, será também importante uma política de incentivos à indústria e ao comércio, para apoio à transferência modal, à redução da pegada de CO₂ em cada produto e em cada serviço”.

“A manterem-se as políticas que beneficiam a rodovia em detrimento da ferrovia, corremos o risco de não caminharmos para a economia sustentável”. – Carlos Vasconcelos

A um nível mais estratégico, o diretor-geral adianta que “nós temos uma estratégia clara de atingir a neutralidade carbónica. O caminho parece-nos facilmente alcançável, porque ao contrário de outras alternativas de transporte terrestre, o transporte ferroviário já tem a tecnologia para tal desenvolvida, em ampla implementação a largos anos, totalmente testada, e da nossa parte aquilo que temos como missão é continuar a investir em frota totalmente elétrica”, suportando a ideia defendida por Carlos Vasconcelos de que é também necessária uma rede totalmente eletrificada e com o acesso direto dos operadores ferroviários ao mercado da eletricidade, para que possam desenvolver as suas estratégias de compra direta do mercado energético.

“A estratégia da MEDWAY tem na sua base valores sustentáveis, uma vez que atuamos num setor com um impacto considerável no meio-ambiente”, reconhece o presidente da Medway, sendo que para além desta iniciativa também integram outras ao nível da sustentabilidade, como é o caso da Operation Clean Sweep, ou da Carta de Princípios para o Desenvolvimento Sustentável, da BCSD Portugal.

“Agradecemos, por isso, aos clientes que confiam na MEDWAY para esta responsabilidade, que é prestar um serviço eficaz e em linha com valores ambientais. Trabalhamos diariamente, com a união e resiliência de todos os colaboradores, para que estes objetivos se tornem possíveis. Temos investido no sentido de procurar maior eficiência e sustentabilidade e, apesar de todos os desafios, é com uma expectativa positiva que vemos o futuro do setor”, concluiu Carlos Vasconcelos.