O terramoto de 7,8 de magnitude que atingiu ontem a Turquia e a Síria, para além da tragédia humanitária, também já está a ter réplicas no comércio internacional e no tráfego de contentores, como já deu conta a autoridade portuária Turca.
Os impactos ainda estão a ser avaliados pelos intervenientes da cadeia de abastecimento e os relatórios iniciais indicaram ter havido danos em grande escala nas infraestruturas do porto de Iskenderun, um importante porto do lado mediterrânico.
Há relatos de incêndios no porto e alguns meios de comunicação social davam conta ontem de contentores a serem consumidos pelas chamas. “Foi determinado que as docas do porto de Iskenderun caíram”, disse a autoridade marítima turca, salientando que as operações continuavam noutros portos.
Fontes da indústria, contudo, acreditam que as operações noutros portos poderão ser atingidas por cortes de energia e alguns inevitáveis estrangulamentos, atendendo à escala da tragédia e devastação.
Os sismos também deixaram as estradas em redor da zona portuária de Iskenderun intransitáveis, interrompendo os movimentos e tráfego de camiões, de acordo com atualizações de alguns transportadores.
A Maersk já veio dizer hoje que terá de desviar todas as reservas com destino ao porto de Iskenderun na costa mediterrânica, onde se registaram “danos significativos na logística e infraestruturas de transporte” nas últimas 24 horas.
O porto, a cerca de 180 quilómetros do epicentro do terramoto, “foi infelizmente sujeito a graves danos estruturais, levando a uma paragem completa de todas as operações até nova ordem”, disse Maersk em comunicado no seu website.
Para além das infraestruturas portuárias, vários parques de armazenamento de contentores foram danificados e também se têm registado perturbações nas ligações de telecomunicações.
As linhas de navegação que servem as regiões do Mediterrâneo e do Mar Negro já começaram a reencaminhar os envios com destino a Iskenderun e estão reorientar as cadeias de abastecimento turcas, devido aos desafios que antecipam para levar a carga até aos destinos.
A Maersk esclareceu ainda que os cancelamentos de reservas, alterações e mudanças de destino para Iskenderun e Mersin seriam aceites gratuitamente até ao final do mês, mas acrescentou que “ainda não é claro quando é que o porto de Iskenderun verá um regresso à normalidade”.
De acordo com os últimos números, o terramoto e subsequentes abalos já mataram mais de 5.000 pessoas, com as autoridades e equipas de salvamento a temerem mais mortes à medida que as operações de resgate varrem os destroços e avançam no terreno.
Foto: Turkish Maritime Authority
