De acordo com as previsões de Werner Vogels, Chief Technology Officer da Amazon.com, para 2023, a área tecnológica “vai afetar (ainda mais) tudo o que nos rodeia”, destacando a forma como as tecnologias cloud irão redefinir o novo ano em diversas áreas da sociedade.

Desde a redistribuição digital das redes logísticas, ao desporto ou à gestão do consumo energético, “com várias crises globais a pautar o nosso quotidiano, é importante perceber como podemos posicionar a tecnologia para nos ajude a resolver os problemas da Humanidade”, começa por apontar em comunicado.

Simulações virtuais
Werner Vogels começa por notar que as simulações, através de Digital Twins, vão ajudar as empresas a tomar melhores decisões, dando o exemplo das formas como organizam os seus armazéns ou como respondem a desastres. “Com a simulação é possível espreitar o futuro para avaliar os impactos dos nossos esforços, executando inúmeros cenários de simulação que respondem às perguntas, sem termos de esperar muitos anos para ver qual é o impacto”, defende. Para além disso, “as imagens estáticas de produtos 2D na Internet tornar-se-ão uma coisa do passado, e serão substituídas por modelos 3D que captam, rodam, e surgem nas nossas salas de estar de forma tão perfeita como se pode ver hoje em dia na web”.

No próximo ano, a AWS considera que as tecnologias de simulação começarão a convergir e que com a crescente integração das tecnologias digitais no mundo físico, a simulação ganha relevância para garantir que as tecnologias têm o impacto certo. “A nuvem, através da sua enorme escala e acessibilidade, impulsionará esta próxima era”, afirma o responsável.

Eficiência energética
Outra área impactada prende-se com a sustentabilidade, ao nível da gestão energética. “Em 2023, veremos um rápido desenvolvimento em escala global que melhora a maneira como produzimos, armazenamos e consumimos energia”, começa por apontar o responsável. Durante a época que atravessamos, em que os custos da energia estão a aumentar devido à guerra na Ucrânia, o que consequentemente leva a que as empresas tenham maiores custos indiretos nas operações, a gestão energética é bastante importante para a redução de custos.

“Também veremos os dispositivos de consumo inteligentes baseados em IoT a começarem realmente a descolar em todo o mundo no próximo ano. Isso levará à próxima onda de inovações que surgem dos novos recursos de monitorização que esses dispositivos fornecem para residências e empresas”, comenta o responsável, antecipando uma rápida convergência de todos os tipos de tecnologias de energia inteligente nos próximos anos. “Embora isso possa não ter o impacto imediato que todos desejamos, juntas essas tecnologias irão, fundamentalmente e para sempre, mudar a maneira como criamos, armazenamos e consumimos energia no futuro”, defende.

Transformação digital e automação
Ainda ao nível da IoT, outra das tendências será ao nível de tecnologias como visão computacional ou deep learning, de modo a impulsionar a cadeia de abastecimento. “Frotas autónomas, gestão autónoma de armazéns, e simulação são apenas algumas das otimizações que levarão a uma nova era na logística inteligente e na cadeia de abastecimento global”, aponta Werner Vogels.

Este avanço tecnológico pretende evitar as dificuldades da cadeia de abastecimento, pois mesmo a Amazon, com todos os ajustes que fez ao nível da inovação, é alvo destas dificuldades, tal como muitas empresas, o que “está prestes a mudar”. Uma das antecipações é ao nível dos sensores de IoT nas fábricas, e o machine learning não irá apenas prever falhas nos equipamentos, mas também evitá-las. “Menos tempo de inatividade significa produção consistente”, afirma, mas “enviar esses produtos para todo o mundo é um desafio totalmente diferente”. A interligação através da cloud vai ajudar as empresas a redirecionar os seus transportes de modo a evitar determinados eventos em tempo real: “insights em tempo real sobre o estado atual e o horário de chegada das mercadorias, mas em todos os níveis da cadeia de abastecimento”.

Segundo o responsável, estas redes serão o início para os camiões autónomos cross-country, o que será uma forma de combater a escassez de motoristas, que só nos EUA representa 80.000 vagas por preencher, tendo ainda outros benefícios para além das vagas em si, como por exemplo o cansaço e desgaste do motorista deixar de entrar na equação, ou os regulamentos específicos de saúde e segurança de cada país: “um camião autónomo pode ficar na estrada 24 horas. Não há pausas obrigatórias, e a tecnologia nunca se cansa, não fica impaciente ou é distraída. Os produtos chegam onde precisam para serem mais rápidos, seguros e eficientes”.

Mesmo no processo de chegada ao armazém, a recolha robótica, a classificação de pedidos e o embalamento automatizado, que já são realidades em grandes empresas, tornar-se-ão mais comuns, e terão um maior papel no armazenamento das empresas. “Imagine ser capaz de otimizar um operador de empilhador, que gasta uma boa parte do tempo simplesmente à procura de produtos, com um digital twin em tempo real do inventário, e que é constantemente atualizado através de drones autónomos de inventário”, nota o CTO.

“A chave para transformar a cadeia de abastecimento é utilizar a tecnologia para otimizar cada etapa ao longo da jornada de um produto. A partir do próximo ano, veremos uma aceleração no desenvolvimento de fábricas inteligentes, equipamentos inteligentes e transporte inteligente que faz exatamente isso. Cada um desempenhará um papel na melhoria da segurança do trabalhador, otimizando a gestão de stocks, reduzindo os custos de manutenção e simplificando os processos de produção. A cadeia de abastecimento do futuro é digital”.

Chips customizados
A última previsão apontada por Werner Vogels é ao nível dos chips e da forma como as empresas vão lidar com eles após a crise global que se sentiu recentemente, apontando que a solução passará por serem as próprias empresas fabricantes dos dispositivos a desenvolver os seus chips ao invés de estarem limitados pelo mercado, o chamado “custom silicon”. “O custom silicon e o hardware especializado têm vindo rapidamente a ganhar tração na indústria da tecnologia de consumo. Tudo, desde os nossos portáteis, até aos nossos telemóveis, ou os nossos dispositivos wearables, estão a ver saltos significativos no desempenho com a fabricação e adoção de custom silicon”, explica o CTO.

Tal como foi visível nos dispositivos de grande consumo, também a AWS investiu fortemente no design de chips nos últimos anos: “sabemos que a carga de trabalho que as empresas estão a correr na nuvem podem ter uma melhor performance e serem mais rentáveis em termos de custom silicon, que são construídos de propósito para casos específicos de uso”.

O responsável considera ainda que a poupança de custos e os benefícios ao nível do desempenho levarão a mais experiências, mais inovação, mais adoção e, eventualmente, maior personalização para outras cargas de trabalho específicas.