A Ford comunicou esta segunda-feira que fechará o mês de setembro com 40 a 45 mil pick-ups e SUV’s inacabados, o que custará à empresa, em consequência da escassez e aumento do custo dos materiais, mais mil milhões de dólares neste semestre.

Não é a primeira vez que o setor automóvel se debate com problemas na sua cadeia de abastecimento, uma vez que nos últimos dois anos a escassez de chips tem estrangulado a produção de veículos. É de referir que um veículo tem, em média, centenas de chips de computador que controlam praticamente todos os sistemas de bordo: regulam o fluxo de combustível, ajudam a gerir a poupança de combustível, controlam os recursos de segurança para evitar colisões, regulam os apoios lombares, os aquecedores de bancos… a lista é imensa.

A empresa referiu que a escassez e o aumento de custos dos materiais custarão mais mil milhões de dólares neste semestre, com as ações da Ford a cair 5% nas negociações de pré-abertura. Contudo, a empresa conseguirá atingir as suas metas de lucro para este ano visto que pretende transferir a receita de vendas que obterá dos veículos quase concluídos para o quarto trimestre.

Vale a pena relembrar que em março a Ford anunciou a venda de alguns SUV’s sem os chips menos essenciais, que foram adicionados mais tarde, depois de vendidos aos clientes, sendo até necessário forçar o fecho temporário de algumas fábricas devido à falta dos mesmos.

 

Fabricantes estão menos otimistas 

A Ford e outros fabricantes automóveis ainda se mostram otimistas, prevendo que os problemas com a sua cadeia de abastecimento melhorem. Em julho, o CFO John Lawler revelou aos seus investidores que previa “um aumento em volume até ao segundo semestre do ano, à medida que algumas das restrições sobre os chips fossem aliviadas”.

Porém, uma pesquisa divulgada pela Associação Nacional de Fabricantes comprova que o setor automóvel não é o único com problemas na sua cadeia de abastecimento. 78% dos empresários indicou que os problemas na cadeia de abastecimento são atualmente o principal desafio comercial, com apenas 11% a acreditar que haverá melhorias até ao final do ano.

Através da pesquisa é também possível observar que 76% sublinharam como um problema os custos altos das matérias-primas, como os mencionados pela Ford, com 40% a dizer que as pressões inflacionárias são piores do que eram há seis meses. Já 76% disseram que têm problemas em encontrar os trabalhadores de que precisam. Denota-se ainda a preocupação crescente de que a economia dos EUA possa entrar em recessão, com a maioria dos fabricantes à espera de que esta situação ocorra no final deste ano ou em 2023.

Jay Timmons, CEO da NAM, alerta que “três em cada quatro fabricantes ainda têm uma perspetiva positiva para os seus negócios, mas não há dúvida de que o otimismo diminuiu”.