Face à falta de pagamento dos apoios prometidos pelo Estado ao setor dos transportes, várias empresas estão já a acusar dificuldades acrescidas de capital, e algumas mesmo a parar a atividade, segundo apontou a Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP). De acordo com a associação, se nada for feito existe também a possibilidade de “fazer disparar o preço de todos os bens de consumo”, que já se tem também vindo a sentir na economia.

A nota de imprensa vem no seguimento das medidas de apoio extraordinário do Estado português para a aquisição de gasóleo profissional, criadas a 18 de março do corrente ano, para colmatar as dificuldades sentidas devido aos aumentos dos preços dos combustíveis que se faziam sentir já desde fevereiro, e do lubrificante ad blue, matérias-primas necessárias para o desenvolvimento da atividade do transporte de mercadorias”.

Abrangidos por este apoio estão “operadores de veículos que utilizem combustíveis fósseis, que comprovadamente tenham a inspeção periódica obrigatória válida e que estejam licenciados pelo IMT, I. P., para o transporte de mercadorias por conta de outrem, tendo por referência o período entre 1 de janeiro de 2022 e 31 de março de 2022”, aponta o comunicado, no entanto, “até à presente data (17 de junho de 2022), não foi paga qualquer verba ao abrigo do aludido apoio extraordinário criado pelo Governo”.

“Para além do incumprimento do estatuído na resolução de ministros, o governo, através da descida do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP), procedeu praticamente à anulação do Gasóleo Profissional”, nota ainda a ANTP. O valor atual do gasóleo profissional é cerca de 8 décimas de cêntimo, o que significa que, “em termos práticos, acabou o gasóleo profissional para as empresas transportadoras de mercadorias”.

A ANTP volta a alertar o governo para que se a falta de apoio às empresas transportadoras continuar, isto se irá refletir na economia, e no número crescente de empresas do setor que se vêm obrigadas a declarar falência. Como consequências adicionais, a associação reforça o despedimento de milhares de pessoas e os custos ainda mais acentuados dos bens de consumo.

Também a ANTRAM lançou uma comunicação recente relativamente a este tópico, referindo a possibilidade de uma paragem do setor dos transportes, e que as empresas estão “a preparar um protesto de proporções nunca antes vistas, de forma a combater os aumentos dos combustíveis”.