De acordo com as estimativas da Crédito y Caución, a guerra na Ucrânia vai reduzir sete décimas no crescimento mundial em 2022 e quatro em 2023.

A Crédito y Caución prevê que a guerra na Ucrânia retire sete décimas ao crescimento mundial em 2022 e quatro em 2023. A proximidade geográfica será um fator determinante para o impacto, especialmente intenso na Europa de Leste. A queda do crescimento na Zona Euro também será maior que nos Estados Unidos ou na Ásia.

Neste contexto, a seguradora de crédito prevê que o crescimento mundial continue a ser relativamente sólido: 3,4% em 2022 e 3,2% em 2023. O crescimento da Ásia será de cerca de 5% em ambos os exercícios, enquanto a Zona Euro e os Estados Unidos irão crescer ligeiramente abaixo da média mundial. A guerra condicionará o crescimento, mas a recessão continua a estar longe, inclusive na Zona Euro. Esta avaliação do impacto, sujeita a um elevado nível de incerteza, baseia-se em dois pressupostos: que o conflito bélico não se prolongue para lá de 2022 e que as sanções sejam reforçadas, mas não até ao ponto de interromper totalmente as exportações de energia russa.

A Rússia e a Ucrânia não são gigantes económicos, mas mantêm uma participação relativamente importante no comércio global de matérias-primas essenciais para o fabrico de conversores catalíticos, aço, baterias, semicondutores ou aviões. Conjuntamente, têm um grande peso na oferta global de trigo (30% das exportações mundiais), óleos vegetais (22%), milho (20%) ou cevada (20%). A Rússia é também um fornecedor chave de fertilizantes (13%), níquel (12%), platina (13%), petróleo e gás (10%). A interrupção massiva destes fluxos elevou os preços da energia em um terço desde o final de fevereiro, duplicando já os níveis de há um ano. Os preços não energéticos subiram 15% face aos níveis anteriores à guerra e 40% em relação ao início de 2021. Estas subidas, que se produzem pela elasticidade da oferta a curto prazo, agravam o principal problema subjacente à recuperação da economia em 2021: a inflação.

A Rússia é o segundo produtor mundial de petróleo. A ameaça de sanções às exportações de hidrocarbonetos e a incerteza em torno dos fornecimentos estão a exacerbar a atual tensão do mercado. Enquanto a guerra continuar, estes preços manter-se-ão elevados e possivelmente mais elevados ainda, com importantes consequências para a economia mundial.

O preço do gás europeu, que neste momento é o mais volátil da região, foi quase 600% mais elevado em março de 2022 que no mês homólogo de 2021. Vários países europeus estão a esforçar-se por reduzir as importações de gás da Rússia e a Lituânia converteu-se no primeiro país da União Europeia a cortar completamente o fornecimento de gás russo.