Filipe Costa, presidente executivo do Conselho de Administração da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal – AICEP Global Parques, revela em entrevista ao Dinheiro Vivo estarem em curso investimentos na ordem dos 17 mil milhões de euros para transformar Sines, desde infraestruturas, logística, energia e tecnologia.

“Sines já não é um elefante branco, é um grande hub logístico, energético e cada vez mais tecnológico em Portugal”, comenta o responsável. A maior área gerida pela AICEP é a ZILS, com 2.375 hectares, acrescentando que “os nossos parceiros do Porto de Sines estão em franco crescimento em roll on-roll off e nós na zona logística estamos a crescer muito nas empresas instaladas”.

Um dos pontos de desenvolvimento do negócio é a logística, que fundamentalmente acompanha o Porto de Sines. O terminal de contentores, que tem uma capacidade para 2,3 milhões de contentores, está em duplicação para os 4,1 milhões. “É um terminal gerido em concessão pela PSA Sines – uma joint venture entre a PSA de Singapura, o Porto de Sines e o armador MSA”.

Depois deste investimento, seguir-se-á um segundo, cujo concurso será lançado em breve, e que irá acrescentar mais 3,5 milhões de contentores por ano. Filipe Costa comenta que “até 2030 temos uma quadruplicação da atual capacidade de movimentação de contentores para perto de 8 milhões de contentores”, acrescentando que passará a ter uma capacidade semelhante ao Porto de Hamburgo.

“Excluindo investimento público, os dados somados de projetos em curso, confirmados e potenciais – muitos em que ainda concorremos com outras geografias – ascendem a 17 mil milhões de euros”, afirma o responsável da AICEP. A duplicação do terminal de contentores e futuro terminal envolvem um investimento de 940 milhões de euros do privado. O Sines Tech Innovation and Data Centre Hub, até 2030, terá um investimento de 3.555 milhões “em projetos de estações de amarração de cabos marítimos de telecomunicações e centros de processamento, computação e armazenamento de dados”. Por fim, ao nível da “Energia Sul”, nome dado ao hub energético de Sines com as indústrias intensivas do ponto de vista energético (refinação, petroquímica, química, indústria circular descarbonizada, novos projetos de amónia e hidrogénio verde), estão previstos investimentos de 12.679 milhões de euro, dos quais cerca de 5 mil milhões são relativos a reinvestimento de empresas já presentes, e 7.500 milhões de novos players.

“Quase todos estes investimentos são de descarbonização”, afirma Filipe Costa, envolvendo casos de transformação de ativos em green energy hubs, combustíveis alternativos para a produção, projetos de mobilidade não-eletrificada (através de combustíveis líquidos para os transportes aéreo, marítimo e rodoviário pesado.

Os acessos rodo e ferroviários na logística e na indústria são dois tópicos recorrentemente levantados, e face aos investimentos esperados, estão a ser feitos investimentos em cerca de 480 milhões de euros. “60 milhões para ligar Sines à A2 em autoestrada até 2026, com ligação em Grândola Norte, há 28,5 milhões para reforço da ligação ferroviária entre a linha de Sines e a do Sul até 2023, e mais 321 milhões no corredor internacional Sul, troço Évora-Elvas, até fevereiro de 2024”. Este investimento está alinhado com o prazo de conclusão do Terminal XXI e o lançamento do terminal Vasco da Gama.

“Sem dúvida que a guerra veio agravar a disrupção logística e a crise energética, e isso obviamente apresenta desafios”, conclui Filipe Costa.