Face às dificuldades da logística de última milha, as dark stores, armazéns mais pequenos inseridos nos centros urbanos, mais próximos do cliente final, são apontadas como as possíveis soluções para resolver as dificuldades de tráfego urbano e possibilitar entregas mais rápidas. No entanto, já há alguns casos bastante próximos em que estas soluções implementadas não estão a ser vistas com bons olhos.

Em meados de março, Barcelona proibiu a abertura de novas dark stores e de cozinhas industriais “com condições muito restritas” por toda a cidade, segundo avançou o El Mercantil. Esta medida também impacta os estabelecimentos de refeições prontas e fixa uma série de parâmetros para assegurar um crescimento controlado destes locais. Segundo a fonte, a origem desta medida está em problemas com odores e ruídos, resultados do crescimento do e-commerce e das entregas de refeições de última milha.

Ao nível das cozinhas industriais, ou dark kitchens, estas só se poderão instalar em espaços industriais, em ruas com mais de 25 metros de amplitude, e separadas por um raio de 400 metros de distância, face a outros estabelecimentos do género.

Adicionalmente, foram implementadas novas regras para o serviço de distribuição ao domicílio, bem como aos estabelecimentos que praticam este serviço, e que passam a necessitar de uma autorização especial para o fazerem. No exemplo dos restaurantes que queiram fazer este serviço de entrega ao domicílio de forma extraordinária durante a pandemia, devem solicitar esta licença com a duração de dois anos, a contar desde a entrada em vigor deste plano.

Esta licença envolve também um espaço de espera para os distribuidores, cujo tamanho será proporcional à superfície do estabelecimento.

Paris também está a sofrer deste tipo de queixas dos habitantes, e disponibilizou ferramentas para estes poderem denunciar estas dark stores em prédios de habitação. Os cidadãos queixam-se das mesmas questões, e a Câmara Municipal de Paris notou no seu site oficial que “a instalação de armazéns está sujeita ao código urbanístico, que nem sempre é respeitado”.

Devido à dificuldade de identificar este tipo de espaços, a autarquia optou por fornecer este tipo de ferramentas para poderem auditar as suas operações.

Plano de Urbanismo Local proíbe instalações de armazéns nos pisos térreos e subsolos de edifícios residenciais em Paris, e “não é possível a instalação dessas atividades no local de estabelecimentos comerciais em lotes de habitação”, e mesmo a transformação de instalações comerciais para outro destino requer permissão. É, no entanto, permitido transformar instalações em terrenos sem habitação, ou mesmo utilizar instalações cujas funções já fossem inicialmente de armazenamento.

Segundo a APUR, Atelier Parisien d’Urbanisme, em janeiro foram identificadas 80 dark stores em Paris e subúrbios, e das 60 parisienses, 14 estavam localizadas num trecho da estrada, protegidas pelo comércio e artesanato.

As dark kitchens, por sua vez, para além do ruído e dos odores que emitem, preocupam ainda os habitantes pela possibilidade de incêndios. A APUR nota que estas “podem reunir uma ou mais marcas diferentes no mesmo local”, e que consoante a situação também podem ter um restaurante em Paris e fornecer refeições através de dark stores, alargando assim a sua área de entrega, enquanto outras são apenas digitais e não contam com espaço de vendas físico.

Outras regiões europeias também estão a tomar medidas quanto a estas infraestruturas, como é o caso dos governos de Amesterdão e Roterdão, que congelaram por um ano o desenvolvimento de novos espaços destes, também devido às queixas que geraram.