Num mundo em constante mudança e com eventos inesperados, torna-se cada vez mais difícil escrever o próximo capítulo. No entanto, sabemos que alteração de contextos vai acompanhar-nos sempre, logo, ambientes voláteis e frágeis –  sujeitos a mudanças repentinas e sem previsibilidade; incertos e ansiosos – a incapacidade de prever cria ansiedade na tomada de  decisão; complexos e não lineares-  cada vez mais difícil de entender causa/efeito ou a dimensão dos acontecimentos; ambíguos e incompreensíveis –  extremamente complexo, senão impossível de compreender qual o caminho a fazer.

Além do VUCA world (Volatility, Uncertainty, Complexity and Ambiguity) presenciamos o BANI world (brittle’, ‘anxious’, ‘nonlinear’ and ‘incomprehensible’). É o sentimento de marioneta numa tentativa incessante em adaptar e sobreviver no emaranhado de eventos, o que eleva a resiliência das empresas e o foco na continuidade do desenvolvimento do seu ecossistema.

Mantém-se o clima de incerteza provocado pelo Covid e ouvimos: “regulariza no 1.º trimestre “; “só no 2.º trimestre por causa da Ómicron”. Mas, para que outros desafios temos de nos preparar? Certamente que serão vários, entre os quais:

Climate Challenge: o impacto ambiental das atividades de logística e das cadeias de abastecimento é visível, e para se alcançarem as metas e compromissos de emissões é fundamental que se desenvolvam práticas mais sustentáveis. O business as usual não é opção para um futuro sustentável. Os processos de transporte tendem a alterar à medida que práticas ambientalmente mais sustentáveis forem adotadas, com os custos acrescidos de adaptação das cadeias a essas práticas.

Transformação Digital: com impacto nos modelos de negócio, processos e experiência do cliente.

Instabilidade do ambiente económico e de negócio: as empresas continuam a lidar com uma série de desafios de negócios internacionais, desde a variação das taxas de câmbio ou taxas de juros, aumento de inflação à regulamentação, passando pelo aumento da burocracia e das verificações transfronteiriças, como por exemplo resultou do Brexit.

Mudanças geográficas no balanço oferta/procura: resultantes da pressão nas cadeias de abastecimento provocado pelo COVID, às quais estas terão de se ajustar.

Imprevisibilidade: o conhecimento passado é importante, mas não o suficiente para as soluções futuras. É necessário identificar onde existem riscos de qualquer tipo na cadeia, avaliar o respetivo impacto potencial e implementar estratégias de mitigação.

Flexibilidade: para lidar com as flutuações de mercado e influências externas imprevistas. A capacidade de resposta à volatilidade do comportamento do consumidor vai exigir os recursos certos ao momento.

Pressão sobre os custos: via aumento dos custos energéticos, escassez das matérias-primas e materiais na sua globalidade, custos de transporte, falta de mão de obra especializada em alguns setores, nomeadamente motoristas.

Talento: recrutar e reter boas pessoas é cada vez mais difícil e nenhuma organização consegue transformar/adaptar a sua Supply Chain apenas com ferramentas e plataformas, as pessoas são o diferencial, que humanizam e transmitem a cultura das companhias, que têm o sentimento de pertença.

Além dos desafios, em 2022, uma análise contínua às envolventes externas exige a continuidade da reavaliação da visão e das estratégias da Supply Chain para considerar as interrupções contínuas e ainda não imaginadas nas redes globais com impacto nos modelos operacionais e demanda dos stakeholders. Só assim as empresas conseguirão manter a sua resiliência e capacidade de se adaptarem a grandes disrupções, para que possam desenvolver estratégias e soluções para a sustentabilidade do seu propósito.

Anabela Pinto | Deputy Director of Supply Chain & Regulatory Affairs | Bondalti