Além do aumento do preço dos combustíveis, da crise energética na China e do encerramento de vários portos chineses, o sector dos transportes também está a sofrer uma quebra na Europa, nomeadamente devido à falta de profissionais, receando-se que este problema se transforme numa ameaça de abastecimento a nível global.

Muitos profissionais do sector dos transportes estão agora a chegar a um ponto de ruptura, segundo a TSF, uma vez que trabalhadores marítimos, motoristas de camiões e trabalhadores de companhia aéreas tiveram de cumprir quarentenas, respeitar restrições de viagens, realizar testes à COVID-19 e ainda esperar pelas vacinas.

Com o objectivo de tentar resolver um problema que pode abrandar ainda mais a economia mundial, as associações, que representam 65 milhões de trabalhadores de todo o mundo, enviaram uma carta à Assembleia Geral das Nações Unidas a pedir que sejam levantadas as restrições impostas à livre circulação, e que os trabalhadores do sector dos transportes sejam considerados prioritários no momento da vacinação.

Os representantes do sector referem também que, neste momento, existe uma escassez e mão-de-obra por causa das condições de trabalho, uma situação que se pode agravar até ao final do ano, uma vez que se prevê que muitos profissionais recusem renovar os contratos de trabalho com medo de não conseguirem estar em casa pelo Natal. Este receio surge devido ao encerramento dos portos e às constantes mudanças nas restrições de viagens.

As associações alertam para que os governos comecem a dar resposta às necessidades destes trabalhadores, e que, se não o fizerem, a cadeia global de abastecimento pode parar.

A falta de motoristas no Reino Unido – cerca de 100.000 – já é uma realidade, mas também há outros países da Europa que estão a sofrer com esta escassez, nomeadamente a Alemanha e a Polónia.

Segundo a Transport Intelligence, a falta de motoristas na Europa ultrapassa agora os 400.000, motivada por más condições de trabalho e longos períodos longe de casa. “Algumas empresas instalaram os seus escritórios na Polónia ou na Turquia ou em qualquer país que oferecesse os menores salários”, afirma Ron Van Lingen, ex-proprietário de uma empresa de transporte, à Euronews, acrescentando que “os motoristas eram então colocados para trabalhar na Holanda ou na Europa ou em qualquer outro lugar, mas eram pagos de acordo com os salários dos seus próprios países, ao invés da lei que dizia que tinha que pagar um motorista de um camião holandês, ou um camião alemão de acordo com os salários alemães”.