A incorporação de bio-combustível no transporte marítimo é um segmento de mercado que a Eco-Oil, uma empresa de Setúbal criada para tratar das águas contaminadas dos navios-tanque destinados ao estaleiro de reparação da Lisnave, quer alcançar, promovendo a economia circular.

De acordo com o Dinheiro Vivo, a Eco-Oil é, actualmente, a companhia portuguesa com maior capacidade instalada para o tratamento de águas contaminadas com hidrocarbonetos, os quais transforma num combustível 100% reciclado e de baixo teor de carbono. Desde 2015 que a empresa vende o fuel óleo produzido com a designação nº 4 BTE – Baixo Teor de Enxofre, ano em que instalou uma pequena refinaria na sua unidade, localizada no Porto de Setúbal.

Recicla, actualmente, 96% dos resíduos que recebe e, no início de 2021, lançou a marca EcoGreen Power, com que abastece clientes industriais, como empresas de lacticínios nos Açores, mas também cimenteiras como a Secil e Cimpor, ou mesmo o grupo Navigator.

A utilização deste combustível permitiu aos clientes da Eco-Oil reduzir as suas emissões de CO2 em mais de 3600 toneladas, para além de outros gases com efeito de estufa, além de uma redução na emissão de partículas e cinzas. “Devido ao seu rendimento aumentado, o EcoGreen Power permitiu aos seus utilizadores pouparem mil toneladas de combustíveis fósseis”, segundo o Relatório de Sustentabilidade da Eco-Oil.

Em 2020, a empresa vendeu 24 mil toneladas deste eco-combustível, mais 20% do que no ano anterior e, este ano, já vendeu quase 17 mil toneladas no primeiro semestre, e estima fechar o ano nas 33 a 34 mil toneladas. “A pandemia trouxe uma consciência ambiental aumentada, que faz com que os clientes procurem cada vez mais produtos sustentáveis e o EcoGreen Power responde a esse desejo, já que, não sendo um combustível renovável, é um combustível 100% reciclado”, diz Nuno Matos, director-geral da Eco-Oil.

A empresa tem a quinta maior instalação da Europa para tratamento de águas contaminadas, e continuará a fazê-lo, mas o grande foco é a produção deste combustível 100% reciclado, como explica o responsável: “É a nossa resposta à transição energética. A actividade marítima é a grande origem destes resíduos que reciclamos e não há nenhuma forma de energia que permita, ainda, que os navios de longo curso possam operar em condições economicamente eficientes. Estima-se que, pelo menos até 2050, os combustíveis fósseis continuem a ser usados na navegação marítima e enquanto assim for o EcoGreen Power é a alternativa para quem quiser ter uma abordagem mais sustentável, substituindo o combustível original e permitindo que os princípios da economia circular sejam aplicados na sua totalidade”