Ana Trigo Morais, presidente da Sociedade Ponto Verde (SPV), em entrevista ao Dinheiro Vivo, enfatiza que a questão da reciclagem em Portugal ainda não está bem enraizada e que, por isso, é necessário arranjar novas formas de “prestar serviço de conveniência aos cidadãos para ir buscar os seus resíduos”.

Abordando tendências futuras, a responsável refere que é preciso evoluir com sistemas porta-a-porta eficientes, de forma a recolher os resíduos e preservar a sua qualidade para que possam ser aproveitados e reintegrados nos processos. “Tenho a certeza de que todos gostávamos de poder estar em casa e chamar alguém para ir buscar os resíduos, uma espécie de uberização para o que queremos descartar e que está em fim de vida”, acrescentando ainda que “é nestes exemplos concretos que vejo oportunidades para melhorar e modernizar muito a gestão de resíduos em Portugal e uma oportunidade para a inovação, a nossa academia e a indústria melhorarem”.

Ana Trigo Morais acredita que agora, num momento em que se discute o Plano de Recuperação e Resiliência e a oportunidade de modernizar o país, é importante que “o sector de gestão de resíduos tenha especial atenção à industrialização verde para a economia circular”.

A missão da SPV é tratar da reciclagem das embalagens, mas “precisamos de mais indústria de reciclagem em Portugal para fazer a economia circular e ter mais matéria-prima secundária a voltar a entrar no consumo”, explica. Mais investigação e inovação é o que a presidente da SPV diz necessitar, uma vez que a instituição se posiciona como “acelerador de inovação na gestão da cadeia de valor das embalagens”, pois sentem que há aqui uma oportunidade de desenvolver tecnologia com base na digitalização, optimização e eficiência da cadeia de resíduos. “Este programa que desenvolvemos no âmbito da estratégia de inovação de gestão que é uma nova forma de economia circular teve 82 candidaturas de mais de 15 países. O que também diz algo sobre os inovadores não terem fronteiras”, sublinhou ainda a responsável da SPV.