Há décadas que, em Portugal, se discute um maior investimento na ferrovia e na nossa ligação à Europa através deste meio. O atual Governo elegeu este investimento como uma prioridade. Será desta que o país evolui nesse sentido?

O transporte rápido interno e externo de mercadorias transformaria, sem dúvida alguma, o setor de Transportes e Logística. Há anos que o porto de Sines – por si só, um grande investimento do país – está a aguardar ligações ferroviárias com a Europa, com vista a expedir carga rapidamente. O investimento na ferrovia que o Governo pretende realizar e que inscreveu no Plano de Recuperação e Resiliência poderá transformar o porto de Sines no mais importante porto do sul da Europa Oeste, não só no que a origens/destinos tradicionais diz respeito, mas também no transporte marítimo através do Canal do Panamá. Dada a localização estratégica do porto alentejano, o primeiro da Faixa Atlântica onde podem descarregar os navios provenientes da costa leste da América do Norte ou do Sul, prevê-se um incremento significativo do tráfego quando estiver concluído o alargamento do canal.

O investimento na ferrovia e numa maior conectividade com a Europa beneficia largamente o transporte de mercadorias e, consequentemente, a economia nacional, mas é também importante para uma sociedade que se quer cada vez mais sustentável, já que o comboio é um meio de transporte com pouco impacto no ambiente. E isso é essencial também para a mobilidade das pessoas. Os comboios rápidos podem contribuir para a redução drástica de voos internos e para a vizinha Espanha, para destinos como Madrid ou Sevilha.

Efetivamente, o investimento na ferrovia transcende os efeitos mais imediatos; tem uma implicação mais profunda na forma como pessoas e bens são transportados, na economia e no ambiente. Pode ainda ser um bom exemplo do país para o mundo. Esperemos, então, que saia finalmente dos planos para se tornar uma realidade. Até porque, estamos todos a precisar de boas notícias e de reforçar a esperança no futuro.

Bruce Dawson, Chairman | Grupo Garland

Artigo originalmente publicado na Supply Chain Magazine #21