A indústria automóvel está a passar por uma falta de pequenos chips com apenas 2,6 centímetros, que devido às suas características e capacidades, limita o número de produtores, o que compromete toda a indústria automóvel. Estes chips são necessários para os processadores dos veículos e cada um necessita de vários, pois estes são utilizados para os mais diversos fins, desde o entretenimento, navegação, auxílio à condução, bem como os sistemas computorizados que controlam o funcionamento do motor, caixa de velocidades, e mesmo a tracção e estabilidade.

Neste momento as fabricantes automóveis estão a trabalhar a meio-gás, e a nível geral, desde europeus, americanos, sul coreanos, japoneses ou chineses, todos estão a ser afectados. Geralmente as fábricas de automóveis recebem as peças num modelo Just in Time, procurando assim diminuir custos de armazenamento e evitar trabalho acrescido, mas devido à pandemia as marcas reduziram as encomendas feitas ao exterior, com o intuito de depois incrementarem os pedidos, consoante o aumento do número de unidades.

Apesar de grande parte dos fornecedores ter conseguido acompanhar este aumento, os fabricantes de chips não conseguiram. Durante este momento em que houve uma diminuição dos pedidos dos fabricantes automóveis, tiveram um aumento de pedidos para outra área, e com os anúncios dos novos modelos de Playstation 5 e Xbox Series X estes fabricantes passaram a produzir para responder aos novos modelos de consolas, cada uma com uma produção anual prevista de 15 milhões de unidades, o que resultou num esgotamento da capacidade de produção de chips.

Outros dos resultados desta falta de stock são a dispensa de colaboradores e as grandes perdas sentidas a nível mundial, como consequências directas da diminuição da produção.

Apesar de haver vários especialistas a assegurar a fabricação de chips pelo mundo – e embora a Nvidia lidere entre os sistemas que envolvem o tratamento de imagens, como a condução semi autónoma – a especificidade desta indústria dá-lhes um tempo de reacção de entre seis e nove meses. Alguns produtores esperam que esta falta de stocks vá abrandando com o tempo, mas também há quem acredite que tal só aconteça por completo apenas no segundo semestre do ano.

Dos fabricantes automóveis do mercado, apenas a Tesla desenha e desenvolve os seus próprios chips, e encomenda a produção à Samsung, não sofrendo deste problema de abastecimento como os restantes. Para além disso, a electrificação dos seus veículos permite-lhe utilizar apenas dois chips ao invés de centenas, no caso dos veículos topo de gama tradicionais.

A decisão da Tesla ao produzir os seus próprios chips foi devido à necessidade de reduzir os seus consumos de energia, especialmente para fins não essenciais, aumentando a autonomia dos seus veículos, sendo que um chip da Tesla consegue consumir 72W, enquanto um equivalente da Nvidia consome 350W, quase cinco vezes mais.