No seguimento da ideia já em estudo, e da recente visita da Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina, o Porto de Sines prossegue com a sua aposta no mercado agrícola brasileiro. À data da visita, estava em cima da mesa a possibilidade de implantação de um terminal em Sines, para exportação de frutas e carnes brasileiras para outros países europeus, para o Norte de África e para o Médio Oriente.

Questionado pelo Jornal Económico sobre os potenciais projectos para Portugal, Brasil e outros possíveis parceiros, o Ministério da Agricultura português considera que “as novas dinâmicas do mercado internacional, nas quais o Brasil assume uma importância cada vez maior, fazem que seja cada vez mais importante rever o circuito logístico da agro-indústria na Europa”.

Em termos operacionais, a fonte explica que “a utilização de um porto de águas profundas no sul do continente, possibilita, por um lado, operações de transbordo para o norte de África, o Mediterrâneo e a própria Europa atlântica e, por outro lado, a instalação em Sines, em condições muito competitivas, de projectos de cariz industrial e/ou logístico que acrescentem valor na cadeia logística agro-alimentar”.

Na primeira semana do ano a Comunidade Portuária e Logística de Sines (CPLS) celebrou um protocolo com Câmara de Comércio Brasil Portugal – Centro Oeste (CCCP-CO) para a promoção do agro-negócio no porto português. Ao Jornal Económico, o Ministério comenta que este protocolo tem “o objectivo de estudar e promover uma solução logística eficaz e eficiente para a exportação de produtos agro-pecuários brasileiros pelos portos brasileiros, preferencialmente os localizados no Arco Norte, com destino à Europa e ao Norte de África, através do porto de Sines”.

Segundo revela ainda, este protocolo “prevê a constituição de um grupo de trabalho multidisciplinar com conhecimento profundo da cadeia de valor do mercado agro-pecuário brasileiro, incluindo a operação marítimo-portuária e a logística multimodal no Brasil e na Europa”.

A CCBP-CO representa o interesse dos produtores do Centro Oeste do Brasil, o equivalente a 45% de toda a produção agrícola do país, sendo que grande parte desta produção se destina à Europa, sendo exportada através dos portos de Santos e Paranaguá, ao invés dos portos do Arco Norte, que poderiam oferecer reduções nos custos logísticos e ambientais, e utilizando Sines como porta de entrada para a Europa.

De acordo com os responsáveis da CPLS, “este protocolo insere-se na estratégia da plataforma industrial, logística e portuária de Sines em promover novas áreas de negócio em Sines, como o agro-negócio, através do potencial existente em deslocalizar os fluxos logísticos do norte da Europa para Portugal, graças à oferta conjunta e completa que Sines apresenta”.

A CPLS tem como principais objectivos “o reforço das relações comerciais com entidades congéneres, o aumento de produtividade por via da inovação tecnológica, a valorização dos seus activos e meios humanos e a consolidação de Sines como o principal ‘hub’ atlântico da Península Ibérica, atraindo novos investimentos na área portuária e na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS)”.