A Galp está a estudar a cadeia de valor de baterias a lítio porque, segundo José Carlos Silva, responsável pela refinação da empresa e membro da administração petrolífera, “a armazenagem de energia está no DNA da Galp”, segundo o ECO/Capital Verde.

Aliás, Carlos Gomes da Silva, CEO da Galp, refere que a ideia de o armazenamento de energia fazer parte da missão da empresa já tinha sido transmitida. “A electrificação do mundo está em marcha. A forma de descarbonizar o sector da energia terá de ser com renováveis. O armazenamento e as baterias serão fundamentais. Temos de arranjar formas competitivas de armazenar energia e garantir a segurança do abastecimento”, refere.

Por outro lado, a petrolífera não esconde a vontade de se transformar numa empresa de energia global e por isso, através da El – Energia Independente, lançou uma competição para start-ups e empresas tecnológicas apresentarem soluções de articulação entre os sistemas de painéis solares para autoconsumo e equipamentos como baterias estacionárias ou mobilidade eléctrica, com aplicação a nível doméstico ou empresarial.

Os resultados dos primeiros nove meses de 2020 da Galp dão conta que a capacidade instalada para a geração de renováveis da empresa passou de 12 MW em 2019 para 926 MW até Setembro, com a energia renovável produzida a passar de 20,1 GWh no ano passado para 157,4 GWh em nove meses de 2020.

Na futura indústria do hidrogénio verde, onde a Galp já tem o seu ligar garantido, em Sines, as baterias de lítio também vão desempenhar um papel fundamental no armazenamento de energia limpa.

“O plano estratégico da Galp prevê a descarbonização gradual do seu portefólio. A empresa estabeleceu objetivos de longo prazo para a redução da intensidade carbónica, alinhando o portfólio com a visão de neutralidade carbónica na Europa até 2050 e comprometendo-se a reduzir a intensidade das suas atividades em pelo menos 15% até 2030, face a 2017” refere a empresa.

Quanto ao estudo da cadeia de valor das baterias de lítio, pensa-se estar no início e à procura de um parceiro que lhe forneça a matéria-prima para refinar. Resta agora saber se será um parceiro nacional ou internacional, uma vez que importar lítio para ser refinado em Portugal acaba por agravar a pegada ambiental deste minério.

Com a parte da refinação ainda em aberto, e saltando para o fim da cadeia de valor, a Galp garante que ainda não existe acordo com a empresa sueca Northvolt para a venda de lítio refinado, mas os responsáveis da companhia nórdica, que quer ter várias fábricas de baterias a todo o vapor na Europa em 2023,estiveram já em Portugal numa reunião preliminar para falar com a Galp e com o Governo português, que está a par de todo este processo, segundo apuraram fontes próximas  ao ECO/Capital Verde.

A Northvolt não nega os contactos com a Galp e reconhece que Portugal tem vantagens, como cadeias de abastecimento curtas, fontes de energia renovável e exploração de depósitos nacionais de lítio.