A IDC desenvolveu um estudo sobre o sector alimentar que conclui que 40% das empresas se encontram reféns de sistemas de informação fragmentados e tecnologicamente obsoletos, onde se propagam os desenvolvimentos específicos, aplicações externas que não comunicam entre si e dados desactualizados, redundantes e de difícil interpretação, segundo o Jornal Económico e a SAGE. Nestas empresas, o ERP serve para as necessidades de facturação e contabilidade, e pouco mais. Este é um dos desafios que o sector enfrenta.

Mesmo antes de o COVID-19 se instalar no mundo, o estudo ‘Agrifood: new risks looming ahead’, que surgiu em Fevereiro, apontava os cinco principais desafios do sector. O primeiro prende-se pelas mudanças nos hábitos alimentares, pois os consumidores optam, cada vez mais, por alimentos saudáveis que, simultaneamente, sejam menos agressivos para o meio ambiente. Este novo paradigma faz com que os produtores aumentem o mix de produtos.

O segundo desafio, que vem na sequência do primeiro, consiste na sustentabilidade ambiental, pretendendo reduzir a pegada de carbono da produção de alimentos, uma vez que é responsável por um quarto das emissões mundiais de gases de efeito estufa. É na cadeia de produção que os produtores devem reduzir as emissões.

A diversificação das cadeias de abastecimento provocada por intervenções nas políticas comerciais de cada país, é o terceiro desafio. De acordo com o estudo, as empresas agro-alimentares têm de gerir um número cada vez maior de intervenções de cariz comercial, desde importações a incentivos ou restrições, à exportação, gerando um aumento dos custos operacionais.

O aumento dos salários também representa um desafio. Segundo o painel de empresas inquirido, o peso médio dos custos de mão-de-obra representa 11% de todos os custos operacionais do sector agro-alimentar, o que representa um desafio para os fabricantes de alimentos.

Por último, a incapacidade das empresas fixarem os preços. Uma das dificuldades dos fabricantes de alimentos é, por vezes, o aumento nos custos das matérias-primas que não é reflectido no mercado. O estudo sugere o exemplo do surto de peste suína na China que reduziu o rebanho em mais de um terço em relação ao ano anterior, ou seja, o surto teve um efeito de arrastamento para os preços dos produtos em todo o mundo.

Contudo, a era da Agricultura 4.0 representa uma oportunidade única para os empresários agrícolas aproveitarem as novas tecnologias para darem uma resposta eficiente aos novos desafios.

As empresas que estarão mais bem preparadas serão aquelas que dispuserem de um sistema de informação inteligente, capaz de processar, analisar e actuar sobre grandes volumes de dados gerados pela IoT, em tempo real. Através desta tecnologia, a multiplicidade de dispositivos e equipamentos conectados em permanência, desde o campo até aos pontos de distribuição e venda, permitirão a recolha imediata de dados sobre os solos, a ocupação de recursos e preferências de consumo.

Desta forma, o ERP será uma ferramenta fundamental na gestão dos processos operacionais, e na criação de transparência na cadeia de abastecimento e produção, garantindo o controlo total da qualidade e rastreabilidade alimentar.

Na Agricultura 4.0 o ERP é o factor união e integração de todas as tecnologias de campo com as operações logísticas, comerciais e financeiras. A consolidação de dados numa plataforma única confere uma visão total do negócio, permitindo actuar mais rapidamente perante os desafios.