A robotização e a automação da indústria são uma oportunidade para tornar as empresas portuguesas mais competitivas e para dar resposta ao problema de mão-de-obra que existe em vários sectores de actividade, como referem diversos especialistas que desenvolvem robôs e sistemas de automação, ao Jornal Económico.

Estes especialistas defendem que a robotização é necessária para reindustrializar o país no cenário pós-COVID-19 e que nos casos em que as máquinas substituam os humanos, é importante requalificar os trabalhadores, de forma a que possam ter empregos menos exigentes fisicamente.

Em Portugal, as empresas que trabalham neste sector têm evoluído significativamente e competem até com os vizinhos europeus, não só pelo talento nacional, mas também pela disponibilidade que demonstram em participar em projectos fora-de-portas.

De acordo com Nuno Mineiro, Presidente Executivo da Roboplan, existe a necessidade de uma reindustrialização que saiu reforçada depois do impacto do coronavírus no sector. Acrescenta ainda que “a Europa, em geral, apercebeu-se que há determinadas coisas que, por serem tão essenciais, não é boa ideia depender de um favor ou de uma crise, como a produção de máscaras ou outro tipo de equipamentos de segurança. Desta perspectiva e, se as coisas forem levadas para esse lado, haverá investimento a nível industrial, porque funções de baixo valor acrescentando implicam que tenham de ser automatizadas, senão correm o risco de se tornarem inviáveis”.

O Presidente acredita que as empresas mais automatizadas e menos dependentes do factor humano podem, numa situação de pandemia, quase não ser afectadas e “isso provavelmente terá consequências para haver um maior grau de automação, com o objectivo de evitar este tipo de problemas”, refere.

A temida questão da substituição dos humanos por robôs é rejeitada por Nuno Mineiro “há muitas tarefas que ninguém quer fazer, não há mão-de-obra para as fazer, ninguém quer trabalhar em ambientes tóxicos, em temperaturas negativas ou muito altas, ou expostos a todo o tipo de coisas agressivas para o ser humano”. Desta forma, explica que existe um grau de automação neste tipo de tarefas que não está a tirar o trabalho a ninguém, porque não há quem as faça.

Já para António Conde, Presidente Executivo da Consoveyo, existe o receio de perder o emprego para um sistema de automação. “Não há dúvida que um trabalhador que esteja hoje num armazém logístico completamente manual que vai ser automatizado, fique apreensivo e tenha receio de perder o posto de trabalho. Mas, o que se verifica, é que não há de facto uma perda de postos de trabalho, mas uma transformação, ou seja, um trabalhador que esteja habituado a manipular cargas, que é um trabalho difícil e pouco nobre para o ser humano, é requalificado para operar uma máquina”.

A Consoveyo sofreu impactos positivos e negativos, mas António Conde destaca que os clientes foram dando sinais de que a “implementação da automação e robótica vai sair reforçada, porque a pandemia trouxe ao de cima a questão do tipo de trabalho que se faz hoje num armazém completamente manual”.

A SCM também abordou esta questão junto dos especialistas em automação e robótica Luís de Matos, chairman e CEO da Follow Inspiration, Ricardo Patrício, business development manager da Active Space, e, do lado da indústria, Filipe Silva, operations manager da Continental Advanced Antenna Portugal.

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