Enquanto a pandemia desacelerou o negócio de muitas empresas portuguesas, outras obtiveram mais facturação e agarraram novas oportunidades durante o período de confinamento. No decorrer do estado de emergência, oito negócios aumentaram a produção e as receitas nos sectores alimentar, farmacêutico, transformador de papel, logística de frio, impressão de etiquetas, construção de pré-fabricados, comércio electrónico e das tecnologias para o tele-trabalho, apura o Jornal de Negócios.

Um dos momentos que marcou o início da pandemia em Portugal foi a corrida desenfreada ao papel higiénico, que gerou várias teorias por detrás do açambarcamento.

Segundo as folhas de cálculo da Suavecel, as linhas de Março e Abril mostram um aumento na facturação superior a 50% face ao mesmo período do ano anterior. Como afirma Sérgio Mendes, o Director Comercial da empresa, “houve um aumento acentuado na procura na grande distribuição, pois criou-se a ideia de que poderia haver falta de produtos no mercado. Todas as categorias cresceram, mas foi mais acentuado no papel higiénico e nos rolos de cozinha”.

Esta indústria transformadora de papel de Viana do Castelo, faz parte do grupo minoritário das que beneficiaram do estado de emergência decretado em vários países.

Por sua vez, a Frulact, fabricante de preparados à base de fruta para a indústria alimentar, regista uma performance positiva em termos homólogos, “sobretudo em Março houve uma reposta mais reactiva da cadeia alimentar, a par de mitigar o risco de possíveis quebras no fornecimento de cadeias que são cada vez mais globais, estando em fase de normalização”, refere o Chairman João Miranda.

Fornecedora de insígnias como Pingo Doce, Continente ou Intermarché, a Mofitex também aumento significativamente a impressão de etiquetas em bobine que são utilizadas na área alimentar e na logística, registando uma subida atípica de 30% nas vendas em Março. Contudo, a Sócia-Gerente da empresa, Tita Sousa Fernandes, confessa que este “não foi um crescimento com flores, mas com esforço e muito pesado porque os custos também dispararam”. A gráfica teve de reajustar e dividir as equipas, pagar horas extraordinárias, suportar um maior desperdício de materiais e custos adicionais nos stocks e na área logística.

A Advanced Products Portugal (APP) também tem unido esforços neta pandemia, de forma a assegurar a cadeia térmica no transporte, manipulação ou armazenamento. Registaram uma subida de 40% na facturação nos últimos dois meses e o CEO Manuel Pizarro, justifica-a com o aumento dos serviços de entrega ao domicílio de compras ou de comida.

Já a fonte oficial da Bial, explica ao Jornal de Negócios que a produção aumentou de uma média de 41.229 comprimidos em 2019 para cerca de 60.000 no contexto actual. Com um retorno progressivo e faseado dos colaboradores que estavam em tele-trabalho, a farmacêutica liderada por António Portela, detalha que “o aumento de produção foi motivado pela necessidade de assegurar stock numa situação de emergência, respondendo ao apelo das autoridades do medicamento”.