O impacto financeiro da crise do Covid-19 na indústria automóvel é grave. Tanto a produção como as vendas de veículos motorizados pararam repentinamente em maior parte da Europa e noutras regiões do mundo.

Sem novas receitas, muitos fabricantes e fornecedores de veículos enfrentarão problemas significativos de liquidez a curto e médio prazo. O dinheiro disponível varia em todo o sector, mas várias empresas podem enfrentar a escassez numa questão de meses.

O sector automóvel é altamente intensivo em questões de capital. As empresas confiam no refinanciamento frequente para financiar as suas operações. Na situação actual, será difícil para as empresas obterem novos financiamentos de bancos comerciais e/ou investidores.

Desta forma, foram tomadas algumas medidas a nível da União Europeia, especialmente pela parte de bancos, para mitigar os impactos desta pandemia.

O Banco Central Europeu (BCE), o Banco Europeu de Investimento (BEI) e a Comissão Europeia (CE) adoptaram várias estratégias para apoiar os trabalhadores e as empresas afectadas.

O BCE visa essencialmente manter a liquidez do sistema financeiro através da compra de obrigações emitidas pelos Estados-Membros e de empresas comerciais, atenuando vários requisitos impostos aos bancos comerciais.

Adoptou ainda um Programa de Compra de Emergência Pandémica que permite ao banco adquirir obrigações soberanas a todos os Estados-Membros da União Europeia em condições flexíveis, bem como títulos comerciais com qualidade de crédito. O programa tem o valor de 750 mil milhões de euros e termina no final do ano. O BCE mostrou a sua disposição para aumentar as suas compras de activos e ajustar a sua composição tanto quanto necessário.

O BCE também adoptou um pacote de política monetária onde realizará operações adicionais de refinanciamento a longo-prazo para fornecer apoio imediato à liquidez do sistema financeiro da área do euro. Além disso, aplicará termos consideravelmente mais favoráveis durante o período que compreende Junho de 2020 e Junho de 2021, a todas as operações de refinanciamento a longo-prazo. Essas operações devem apoiar os empréstimos bancários às pessoas mais afectadas pela disseminação do Covid-19, especialmente Pequenas e Médias Empresas (PME).

Irá ainda adicionar um valor temporário de compras adicionais de activos líquidos de 120 mil milhões de euros até ao final do ano, garantindo uma forte contribuição dos programas de compras do sector privado.

A 16 de Março, o BEI propôs um plano para mobilizar até 40 mil milhões de euros de financiamento que será transferido para medidas destinadas a aliviar as restrições de liquidez e capital para pequenas e médias empresas. O pacote de financiamento proposto consiste em esquemas de garantia dedicados aos bancos com base em programas existentes para implantação imediata, mobilizando até 20 mil milhões de euros em financiamento. Linhas de liquidez dedicadas aos bancos para garantir suporte adicional de capital às pequenas e médias empresas de 10 mil milhões de euros, e programas dedicados à compra de títulos garantidos por activos para permitir que os bancos transfiram riscos em carteiras de empréstimos para as PME’s, mobilizando outros 10 mil milhões em apoio, são outras das medidas.

Por parte da Comissão Europeia, pretende-se flexibilizar as regras existentes, de forma a dar aos Estados-Membros mais oportunidades para prestar apoio financeiro à economia. Neste âmbito, emitiu um quadro temporário de auxílio estatal para apoiar a economia no actual surto de Covid-19.

A Comissão emitiu ainda novos conselhos práticos sobre como implementar orientações para a gestão das fronteiras, a fim de manter o transporte de mercadorias em toda a União Europeia durante a pandemia. Dentro dessas directrizes, a Comissão propôs novas ‘pistas verdes da UE’ onde procedimentos simplificados devem ser implementados para acelerar o transporte de mercadorias intra-UE. Entre outras propostas, a Comissão recomenda que os Estados-Membros tomem medidas para garantir a livre circulação dos trabalhadores envolvidos no transporte internacional.