A pandemia do Coronavírus tem vindo a assombrar todo o mundo, com maior foco em determinados países, mas inquietando, de forma igual, todos os outros. Dado o clima de incerteza que paira a nível global, o comportamento humano tende a alterar-se em função daquilo que são os seus medos e receios.

Foi apresentada, recentemente, uma análise aos dados, relativos aos dois primeiros meses do ano, de mercado do grande consumo para a Centromarca, preparada pela Kantar, que, apesar de não reflectir os meses críticos que se têm vivido, mostram uma alteração no padrão de consumo dos portugueses.

Sabe-se que, por se tratar de uma situação nova e incerta a nível global, existe uma grande pressão sob a cadeia de aprovisionamento, colocando desafios aos fabricantes, marcas e retalhistas.

Nesta altura, à excepção de itens pontuais, não se regista qualquer ruptura de abastecimento ou escassez de produto, mas isso não significa que o consumo não se tenha direccionado para determinados produtos, em detrimento de outros. E mesmo que estes produtos/marcas que, por estes dias, registaram um aumento das vendas, não significa que não venham a sentir, mais à frente, o impacto do stock ou mesmo da ausência do consumidor neste âmbito.

Assim sendo, há produtos/marcas que sofrerão um grande impacto dado que, uma vez que serão maiores os períodos passados em casa, não haverá a tendência de adquirir produtos associados à vida exterior e quotidiana. A compra irá incidir sobre produtos e bens de primeira necessidade.

Para que a sociedade possa continuar a adquirir este tipo de bens, há sectores que não podem parar, como é o caso do retalho alimentar e do healthcare, auxiliados pelos operadores logísticos e pelos transportadores/distribuidores, entre outros. Foram já muitas as empresas que tomaram as devidas precauções para poderem continuar a servir os portugueses em segurança.

Analisando a cadeia os produtores vêm primeiro. Se não existir produção, não haverá alimentos nas grandes superfícies, por isso, é importante que esta actividade não páre.

“Se dúvidas houvesse sobre a importância vital do sector agropecuário nacional, a situação de emergência que vivemos veio, por infelizes razões, desfazê-las”, afirma o Presidente da Fenapecuária, Idalino Leão. De forma a valorizar este sector, o Presidente apela ao Governo para que as medidas a serem implementadas se mostrem “corajosas, ambiciosas e permitam à fileira agro-alimentar continuar a trabalhar com normalidade em todos os elos da sua cadeia, para que nada venha a faltar nas casas das famílias portuguesas”.

Reforça deixando uma mensagem de coragem aos agricultores que enfrentam as grandes adversidades do sector, apelando ao reconhecimento, por parte da sociedade, dos produtos nacionais no momento das suas compras.

A Cerealis está bem consciente da importância da sua actividade no cenário actual e, graças à disponibilidade dos seus fornecedores de matérias-primas, de material de embalagem e dos operadores de transportes rodoviários, têm conseguido produzir diariamente, nas últimas semanas, mais de 700 mil embalagens de massas alimentícias, 110 mil de bolachas, 220 mil de cereais de pequeno-almoço, 140 mil de farinhas para usos culinários, além de 950 toneladas de farinhas industriais. É através do esforço de todos os elos que a cadeia de fornecimento dos alimentos pode continuar activa e a dar resposta às necessidades dos portugueses.

Por sua vez, a Frulact tem uma função igualmente relevante. Os funcionários que operam nas fábricas têm garantindo o fornecimento contínuo dos produtos alimentícios através das medidas de prevenção, utilizando equipamentos de protecção individual, garantindo a segurança no trabalho e seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde.

No campo farmacêutico, por exemplo, a Farmavenix refere que, em Portugal, toda a equipa, os clientes e fornecedores têm permitido continuar servir quem mais necessita, expressando a sua gratidão “sobretudo um enorme bem haja a todos os restantes que diariamente garantem a operação no armazém, de sol a sol, incluindo aos fins-de-semana, num contexto muito desafiante, tanto em quantidade de trabalho adicional, como em escassez de recursos”.

Na fase seguinte da cadeia estão os operadores logísticos que também são alguns dos heróis desta guerra, sendo bem visível o seu esforço.

Desde o início do mês que a Santos e Vale está a adoptar um plano de contingência que tem vindo a ser adaptado ao desenvolvimento de cada etapa da pandemia “nesta altura temos um cuidado redobrado nas entregas de bens alimentares, higiene e limpeza. São esses os produtos que as pessoas mais vão precisar nos próximos tempos”, refere a empresa.

A missão da Santos e Vale passa por “fazer chegar às pessoas os bens de primeira necessidade”, sendo esta a principal razão para não suspenderem a actividade. É através de medidas de precaução rigorosas que a empresa continua a realizar a distribuição de mercadorias a nível nacional.

Para que não falte nada

“Trabalhamos para que não falte nada em sua casa” é a mensagem comum a toda a cadeia agro-alimentar que se uniu sob o mote “Isto Não Tem de Parar” para incentivar a continuidade da produção das empresas, motivando-as a gerar o máximo de actividade para que o sector não pare e a economia continue.

O sector primário, a indústria, os operadores logísticos e os distribuidores de todo o país têm unido esforços no combate à pandemia Covid-19, num momento em que todos são chamados a contribuir para garantir que os bens essenciais continuam a chegar à casa dos portugueses.

“Continuamos a trabalhar todos os dias juntamente com a Mofarpeixe para que os nossos clientes consigam ter peixe fresco e de qualidade”, esta é a mensagem vinda da Lota de Aveiro, um exemplo que prova que o sector primário tem mantido a sua actividade. Nestas circunstâncias, como o caso desta epidemia, toda a cadeia agro-alimentar está a dar provas do seu valor e capacidade e de que é uma cadeia bastante eficiente, que perante esta adversidade não baixou os braços e continuou as suas rotinas de produção.

Diversos fornecedores, entre os 300 fornecedores portugueses que actualmente trabalham com a Mercadona, juntaram-se para transmitir uma mensagem positiva porque #IstoNãoTemdeParar. Através de um video procuram evidenciar a força que une a cadeia agro-alimentar, desde os produtores às cadeias de distribuição, para que todos os dias consigam garantir que os produtos cheguem às lojas e os clientes possam fazer a sua compra habitual.

Nunca o papel da logística se mostrou tão fundamental e tão visível. São os vários elos da supply chain que num esforço inédito e quase titânico seguram as pontas e asseguram o “Estado de Resistência” e a capacidade de resposta às necessidades mais básicas da sociedade. São os vários elos da cadeia de abastecimento que desde o fornecimento das matérias-primas, produtor, indústria, distribuição… tornam possível que, em tempos de crise como os que vivemos, não faltem os bens essenciais à vida de cada um. Sem este trabalho, a batalha seria muito mais difícil de vencer.