Este é um filme de terror realizado por Jim Gillespie, mas é igualmente uma realidade no nosso dia a dia.

Lido com cerca de 1.000 fornecedores diferentes em Portugal, e com alguns colaboradores dessas empresas, vou ganhando alguma confiança com o passar dos anos. Estas pessoas em conversas mais informais, acabam por me contar algumas histórias de compradores ou responsáveis pelas aquisições de algumas empresas, e das suas atitudes menos éticas, exigindo de uma forma indirecta algumas vantagens em troca da adjudicação de algumas compras.

A todos, estejam inseridos num departamento de compras ou em áreas mais operacionais, tudo se sabe no mercado! Seja verdade ou menos verdade.

Um dia podem estar numa posição de necessidade, podem até estar numa entrevista com alguém que ouviu estas conversas, e não será certamente bom para vocês perder desde logo uma oportunidade por suspeitas.

O meu Pai sempre me ensinou que o valor mais alto que temos, é o nosso nome e como os outros olham para nós. Dizia ele em tom de brincadeira: “Se queres queimar o teu nome, queima por milhões e não tostões”.

A Ética é algo que está inerente à pessoa e não à empresa. No entanto as empresas têm de encontrar medidas que a assegurem, pois uma “empresa” que não seja ética, não é sustentável.

Seja na criação de políticas de aceitação (e em que medida) de ofertas e hospitalidade (muito comuns na nossa sociedade), seja na criação de procedimentos onde exista uma verdadeira separação de quem necessita, quem compra e quem paga, seja estabelecer guias para prevenir os conflitos de interesse ou muitas outras regras que clarifiquem os processos e impeçam situações duvidosas, das quais possam surgir problemas para a sua imagem.

Mas esse papel começa com cada um de nós, em promovermos uma cultura íntegra e de honestidade. Se o conseguirmos todos fazer, seremos uma sociedade melhor, contribuímos para um mercado melhor onde as empresas ganham porque são as mais competitivas, porque oferecem um serviço melhor e não por qualquer outro método menos claro.

Lembram-se do filme que falei no início? Teve duas sequelas: “Eu ainda sei o que vocês fizeram no verão passado” e “Eu sempre vou saber o que vocês fizeram no verão passado”… continua a aplicar-se, certo?

Marco Gil | Head of Procurement & Fleet Manager | ENGIE Portugal