Segundo revela o estudo da Carbon Disclosure Project (CDP) divulgado hoje, intitulado “Mudar a Cadeia”, os fornecedores de empresas multinacionais emitem 5,5 vezes mais gases poluentes que o impacto directo das compradoras. Este relatório tem por base respostas de mais de 7.000 empresas fornecedoras de bens e serviços a 125 empresas a nível global.

A notícia, avançada pelo Dinheiro Vivo, refere que se os fornecedores das 125 maiores empresas multinacionais aumentassem a sua percentagem de utilização de energia renovável de uma média de 11 para 31% poderiam evitar uma poluição de mais de mil milhões de toneladas métricas (gigatoneladas) de gases para a atmosfera, o equivalente às emissões do Brasil e do México juntas.

Entre 2017 e 2018, as emissões globais de combustíveis fósseis aumentaram de 36 para 37 mil milhões de toneladas métricas.

Como forma de contrariar este aumento, 31 multinacionais (com um valor conjunto superior a 740 mil milhões de dólares) já se comprometeram a integrar energia 100% renovável nas suas operações, estando agora a agir para que também os seus principais fornecedores aumentem o seu consumo de energias renováveis. O estudo revela ainda que 42 grandes multinacionais, com um valor total de 1,9 biliões de dólares, vão integrar métricas ambientais nas suas cadeias de abastecimento.

O estudo também refere que apenas 4% dos fornecedores, 292 empresas, irão aumentar a sua percentagem de utilização de energias renováveis em 2020. Segundo estes, os custos associados às alterações climáticas podem ter um impacto de 900 mil milhões de dólares, somando-se ainda 78 mil milhões relativos à insegurança do abastecimento de água potável e 16 mil milhões relativos à desflorestação.

Por parte do Carbon Disclosure Project, a responsável Sonya Bhonsle explica que “usar electricidade de origem renovável é uma das formas mais rápidas de reduzir as emissões e acelerar a transição energética”.

A responsável defende que “os fornecedores podem começar por assinar o seu primeiro contrato de fornecimento de energia verde, com vista a chegar pelo menos até 20% do total de energia consumida”, mas que “as grandes empresas têm de recompensar os seus fornecedores que adoptem estas medidas e dar vantagens nos contratos de abastecimento. É importante tornar a energia renovável como um factor de competitividade empresarial”.

O Dinheiro Vivo recorda ainda que no caso português já empresas nacionais e internacionais se encontram a apostar em grande nas energias renováveis, como grandes cadeias de retalho (Jerónimo Martins, Sonae, entre outras), que estão a aproveitar as coberturas dos seus telhados para instalar painéis fotovoltaicos para consumo próprio, ou a Ikea, que investiu ainda na compra de um parque eólico em Portugal, além do investimento que tem feito já na energia solar.