O Pavilhão do Conhecimento foi no passado dia 15 de Maio palco da primeira edição do evento da Associação Portuguesa de Logística (APLOG), “As Cidades e a Logística”, um dia de conferências que debateram os novos desafios relacionados com a logística urbana, e que foram desde energia, impacto ambiental e sustentabilidade, robotização, tráfego, cargas e descargas, entregas eficientes, logística inversa, até à última milha.

Entre diversas apresentações e conversas, “As Cidades e a Logística” tornou-se num momento de debate e troca de opiniões entre profissionais de vários sectores abrangidos pela logística urbana, e como tal, com perspectivas diferentes, que foram desde operadores logísticos a reguladores ou mesmo a governantes.

A Auchan, representada por Ana Leandro, Logistics & Supply Chain Director na empresa, defende que se deve colocar o produto mais próximo do cliente, e que este está disposto a pagar por um serviço de entregas de retalho. Ao mesmo tempo, também considera que se devem apostar em novos métodos de entrega, especialmente quando se tratam de perecíveis que têm de ser entregues rapidamente e em diferentes condições de outro tipo de mercadorias.

Um dos grandes problemas logísticos da DHL Parcel também passa por essa comodidade, como explica o seu Country Manager em Portugal, Jorge Oliveira, que enquanto distribuidor de encomendas sente na pele o problema da última milha. Conta que muitas vezes os clientes pedem para receber as encomendas em casa, mesmo sabendo que não estarão presentes, e que tentam contrariar esse facto com uma dupla verificação para as pessoas confirmarem se realmente pretendem receber nesse local, mas que mesmo assim continuam a ter de fazer a entrega uma segunda vez. Revelou ainda que se encontram a ser testadas as entregas em malas de automóveis como tentativa de combater os problemas de última milha.

Maria Teresa Castro, comenta ainda que a exigência cada vez maior das pessoas afecta bastante a logística inversa. A administradora no grupo SONAE, responsável pelo pelouro de Supply Chain, revela que hoje os clientes querem estar em casa, poder escolher onde querem receber ou levantar as suas encomendas e ter a possibilidade de devolver onde quiserem. Deste modo, explica que também estão a evoluir para pickup points nos escritórios.

Também cientes do problema estão os CTT, e João Gaspar da Silva, Director de Operações dos correios portugueses, refere que os cacifos poderiam ser uma solução que permitiria ao consumidor escolher onde queria receber. Segundo este, outro problema da logística urbana também passa pelo congestionamento, ideia igualmente defendida por Joaquim Vale, administrador da Santos e Vale, que da audiência propõe que enquanto solução poderiam ser utilizadas as faixas dedicadas aos transportes públicos para o transporte de mercadorias.

Mais tarde, debateram-se ainda as vantagens das energias alternativas para a mobilidade: Gás, Electricidade, Hidrogénio ou a utilização de Híbridos. Entre os vários argumentos, apresentação das vantagens e das desvantagens, a conclusão encontrada foi apenas uma: a melhor utilização de cada veículo dependerá do seu propósito. Nas zonas urbanas, e em especial em horários nocturnos, há uma clara vantagem para os veículos eléctricos, porém, esta solução não é viável a longas distâncias, pelo que nesses casos teriam de ser adaptadas novas medidas. O preço do hidrogénio também é uma desvantagem, embora seja de rápido carregamento e se obtenham vantagens a nível ambiental. Por sua vez, o gás também está a ganhar terreno, tendo registado em 2018 o dobro das vendas do ano anterior, como revela Nuno Moreira, da Dourogás.

Questionados sobre quais as energias alternativas que consideravam mais viáveis, os oradores optaram maioritariamente pelos eléctricos, seguindo-se os híbridos.

Ao longo da tarde foram ainda apresentadas várias soluções de empresas de soluções de última milha, e o dia terminou com um painel relativo aos desafios logísticos a ela associados, num painel bastante diversificado que englobava desde uma entidade reguladora (AMT), uma associação representativa (ANTRAM), uma entidade municipal (C. M. Braga) e uma concessionária de estacionamento (EMEL). O facto de envolver entidades tão distintas tornou este painel num momento de debate bastante activo e com diferentes visões da logística urbana, a encerrar este evento promovido pela APLOG.