O papel da tecnologia no sector da distribuição e logística está a ganhar cada vez mais força. Administradores e empresários de empresas de distribuição nacionais e internacionais, têm a mesma opinião sobre o impacto da inovação tecnológica na área da distribuição alimentar, não só ao nível do investimento, mas também na competitividade que trará consigo.

Mas afinal, a inovação tecnológica determina a decisão dos investimentos de modernização nas infraestruturas de distribuição e/ou na logística integrada? O Jornal Económico juntou as perspectivas de alguns profissionais do sector.

António Tomé Ribeiro, Head of Digital and Omnichannel do El Corte Inglés Portugal, começa por afirmar que “a inovação tecnológica é hoje um dos grandes motores de crescimento das empresas” e constitui-se como um pilar fundamental na modernização dos processos logísticos e administrativos.

Uma marca como El Corte Inglés tem de ser capaz de fornecer uma rápida resposta ao cliente e, por isso, tem de criar valor em todas as etapas da cadeia. Além da fase final, em que existe um contacto directo com o cliente, existem inúmeros processos logísticos que a antecedem e são essenciais. A relação de confiança entre os parceiros e fornecedores da cadeia logística é garantida através de um processo integrado e auditado em todas as fases, de acordo com António Ribeiro. Explica ainda que “a integração de todo o processo e a sua visão integral só é possível se assente numa base tecnológica fiável e extremamente eficiente”. Assim, é fundamental que o investimento acompanhe este processo, de forma a optimizar a capacidade de resposta ao cliente.

Termina afirmando que “(…) se não tivermos presente a necessidade de investimento em inovação tecnológica, não conseguimos manter-nos neste mercado em que a eficiência e experiência do cliente determinam a nossa capacidade de continuar a servir os clientes”.

Com a mesma visão encontra-se Mónica Lourenço, Logistics Manager da Vitacress Portugal, dizendo que “nesta área a inovação tecnológica é encarada como uma vantagem competitiva, pelo que é um factor decisivo para a tomada de decisão e realização de investimentos”.

Explica que, no caso específico da Vitacress a nível interno, investiram no software IFS Application que garante a rastreabilidade do produto, desde o momento da colheita até à entrega, e é transversal à própria embalagem, assegurando uma gestão de stock completa e integrada.

Por sua vez, João Pedro Rodrigues, Administrador do Grupo Bel S.A., também se mostra a favor da inovação tecnológica, afirmando que é, sem dúvida, “um factor diferenciador em qualquer sector de mercado. A distribuição e logística não são excepção. Num sector com assinaláveis custos operacionais, as ferramentas tecnológicas constituem um recurso de gestão que não pode ser posto de lado, permitindo racionalizar os meios das empresas e potenciar os resultados, ao mesmo tempo que facilitam o dia-a-dia dos colaboradores, a segurança e a fiabilidade das operações. Ainda que possam representar um investimento inicial, os ganhos daí resultantes representam uma clara mais-valia na funcionalidade das empresas”.

De acordo com o administrador, a automação, robótica e o desenvolvimento de aplicações, tendem a transformar radicalmente o processo de distribuição e logística, que acaba por ser afectado. Assim, cria-se a necessidade de intensificar e acelerar a modernização.

Nas palavras de João Pedro Rodrigues “a opção pela inovação, nos tempos que correm, é uma inevitabilidade. Perder o ‘comboio’ tecnológico implica ficar num apeadeiro a ver passar o futuro à nossa frente. E essa não é, de todo, uma opção”.

A Lactogal também tem realizado investimentos em inovação tecnológica. Isabel Couceiro da Cosa, Gestora de Comunicação Institucional da empresa, afirma que as equipas procuram, permanentemente, pelas melhores soluções logísticas, como é o caso das infraestruturas que a Lactogal detém; os processos de armazenagem automatizados; os sistemas de informação, como o demand planning, a armazenagem e a rede de distribuição; os processos de picking e a implementação de um optimizador de rotas.

A Gestora refere ainda que a empresa actua de acordo com a protecção do ambiente, especialmente no âmbito das infraestruturas de distribuição e logística integrada “a Lactogal acompanha permanentemente as inovações tecnológicas, tal como, por exemplo, na área dos transportes através da redução de viaturas na estrada, processo realizado em colaboração com todos os seus parceiros, desde clientes a fornecedores”.