Vagões individuais autónomos é um novo conceito que prima pela inovação. O autor desta ideia é Paul Van Bers, gerente de projectos de inovação da Container Shift2rail.

Nada melhor do que introduzir este conceito inovador através de um workshop na primeira edição do evento Freight and Terminal Forum, de 26 a 28 de Março, em Utrecht, na Holanda.

O gestor de projectos acredita que estes transportes tornarão as ferrovias tão flexíveis quanto a rodovia.

Depois de ter recebido 100 mil euros para concretizar a sua ideia, dois anos depois nasce o primeiro vagão, construído pela RWTH Aachen University. O software foi concebido pela Container Shift2rail. “O software torna o vagão autónomo. É inteligente, pode improvisar e reagir. Pode operar ao lado do sistema de gestão de tráfego de uma rede, pois é capaz de observar quando uma linha férrea está disponível. Como tal, não precisa de requisitar uma linha férrea com antecedência”, de acordo com Paul Van Bers.

O criador afirma que a ferrovia é uma modalidade não flexível, ou seja, quando um operador pretende realizar uma viagem de comboio, é necessário verificar a disponibilidade da linha férrea e, posteriormente, solicitar o acesso com alguns dias de antecedência. Por outro lado, um camião pode iniciar viagem a qualquer altura. À semelhança desta ideia, o vagão foi programado para poder fazer o mesmo.

“(…) Os contentores são como pessoas: todos têm uma origem diferente e vários destinos. Se estes podem ser movidos individualmente e imediatamente quando necessário, a ferrovia tornar-se-á uma modalidade mais flexível”, explica Van Bers.

Contudo, ainda existem alguns obstáculos que fazem frente à operacionalidade da ideia. O Supervisory Route Control System (SRCS), sistema de software que permite ao vagão identificar os caminhos-de-ferro disponíveis, tem de ser comercializado. Para além disso, este conceito tem de ser adoptado pela indústria. “Precisamos de ganhar a confiança dos operadores de comboios para ficarem interessados em usar o nosso vagão”, explica o autor. A empresa seleccionou locais específicos na Holanda para testar o transporte, como o Maasvlate II, no porto de Roterdão.