Afinal, há um setor que possa prescindir dos demais e auto intitular-se o maior (ou único) responsável pelos louros da vitória?

No período em que estive ligado à academia, durante o mestrado e posteriormente como professor, uma questão que regularmente permeava as discussões era qual a área da gestão é mais importante para o sucesso de um negócio.

Os profissionais ligados a cada área, professores e executivos, defendiam com sólidos argumentos a preponderância do seu departamento (comercial, marketing, produção, rh, finanças etc.) em relação aos demais.

Os profissionais da área de vendas e marketing a afirmar que sem vendas não há receitas e não há lucro, portanto, não há negócio. Os profissionais de produção a dizer que sem produção não há vendas, logo, não há negócio. O setor de gestão de pessoas a enfatizar que sem pessoas qualificadas, treinadas e motivadas não há vendas nem produção. E assim por diante…

É possível dissertar sobre a preponderância de qualquer área em relação às demais e fazer crer que efetivamente se trata da mais importante.

No entanto, a verdade é que não há uma área que seja mais importante em uma empresa.

Assim como as peças de uma engrenagem, todos os setores são igualmente importantes para o sucesso de qualquer negócio. Estão todos interconectados e são interdependentes.

Uma pequena empresa com o melhor vendedor e um péssimo produto, pouco vai andar. Um excelente produto nas mãos de um time de produção mal preparado e de vendedores incompetentes, dificilmente levará a empresa a um patamar de destaque.

Uma engrenagem ainda pode funcionar com uma peça avariada, mas trabalharia melhor se todas as peças estivessem nas melhores condições. O mesmo vale para uma empresa.

Uma má decisão financeira pode levar uma empresa sólida e bem sucedida para o abismo. É o que aconteceu com a (ex)gigante brasileira do setor alimentar. Em 2008, a Sadia fez uma operação de hedge no mercado de derivativos, apostando na baixa do dólar. Mas, devido à crise financeira global, o mercado andou em sentido contrário ao que era esperado pela direção financeira da empresa. O resultado foi um rombo estimado em 2,5 bilhões de reais (aproximadamente 600 milhões de euros). Foi o primeiro prejuízo na história da Sadia e acabou por culminar na incorporação da empresa pela maior concorrente, a Perdigão, em 2009, formando a Brazil Foods.

Em resumo, qualquer setor contribui para o sucesso do negócio, assim como qualquer setor pode contribuir para o seu fracasso.

Gustavo Kramer | Gestor de mercados externos

Fontes consultadas: