A Associação Portuguesa de Compras e Aprovisionamento (APCADEC) organizou esta semana o seu encontro anual. “Desafios Procurement 2020” foi o ponto de partida da conferência que reuniu em Lisboa profissionais nacionais de compras.

O dia começou com a alocução de Carlos Lourenço, Presidente da associação, que recebeu os convidados com um discurso seguido de um vídeo de uma entrevista a Peter Kraljic, um profissional de compras e criador da Matriz Kraljic, tendo o tema deste vídeo voltado a palco logo de seguida, com a abertura de César Pestana, da Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (eSPap).

Pedro Galhardas, da Accenture, foi o primeiro a tomar o palco para si, apresentando uma keynote sob o tema “Como potenciar a eficácia e eficiência do Procurement com o Digital”. O orador começou por falar relativamente à melhoria da experiência do consumidor através do digital, algo que já se encontra muito visível nos dias de hoje através de modelos de negócio como a UBER ou a Google, e explicando que o digital vai modificar os processos e organizações das empresas em breve.

“O procurement leva mais tempo, mas traz eficiência” – Pedro Galhardas, Accenture

Seguidamente houve um painel de debate moderado por Luís Ferreira, Professor na Universidade de Coimbra, com a participação de Fernando Neves de Almeida, da Boyden, Paulo Simões, da Egon Zehnder, Mariana Branquinho da Fonseca, da Korn Ferry e Pedro Martins, da Michael Page. Neste primeiro momento de debate, a principal preocupação foi com “A Atracção e Gestão do Talento Humano – quais os desafios e oportunidades”, pelo que se falou nas alterações de cargos dentro e entre empresas, onde muitas vezes o que acontece é que os responsáveis de compras vêm de outros cargos, como marketing, e como tal não têm a experiência necessária para as necessidades que o cargo exige.

Alguns dos participantes são da opinião de que o procurement não é uma carreira para quem pretenda chegar a CEO, mas que se trata de uma área que transmite muita experiência a quem nela trabalha, pelo que é importante passar pelo sector das compras. A ideia inicial de que as áreas da supply chain não formam CEO’s foi rapidamente refutada pelo moderador, que deu como exemplos Tim Cook, actual CEO da Apple, Marry Barra, CEO da General Motors, e Mark Sutton, da International Paper.

Neste debate falou-se ainda na importância de nos diferenciarmos dos outros e da importância da língua inglesa nesta área da negociação, cujo domínio se torna cada vez mais uma necessidade, e até mesmo quase uma obrigação.

A apresentação seguinte pertenceu à Deloitte, a Diogo Santos e Nelson Fontainhas, relativamente às “Novas faces do Procurement em 2020: Digitalização e Robotização”, onde apresentaram uma análise do Survey da Deloitte e a importância do uso de sistemas RPA e do Procurement Digital.

A manhã terminou com o painel de debate internacional, moderado por Diogo Santos, e com a participação de Jens Kleebaum, da BuyIn, Jaime Velasco, da GoSupply, Leslie Masters, da McGrath e Philippe Armengaut, com o tema “Developing Best in Class Procurement Strategies – an international perspective”.

À tarde, o Blochcash volta a tecnologia: “Blockchain: exemplos de impactos na cadeia de fornecimento e Procurement”, tema apresentado por José Roque, da EY, e que criou um momento de interacção com os presentes através de uma pergunta a ser respondida através da internet. Começando por explicar em que consistia a tecnologia blockchain, apresentando estudos de caso e terminando com os potenciais riscos desta tecnologia, conseguiu surpreender um pouco a plateia, que em grande parte errara a questão inicial relativamente ao que era a blockchain.

Ainda mantendo o tema da tecnologia, temos o tema do painel de debate moderado por Pedro Fernandes, “Impacto da Tecnologia e Inovação nas necessidades e processos de Compras”. Para compartilhar as suas experiências tivemos presentes Sandra Silva, do Grupo8, João Moro, da HPE, André Freire, da Leaseplan e Miguel Sobral, da Vortal, que falaram da adaptação das tecnologias aos processos de compras, e o que nos leva ao tema seguinte, “O processo da transformação digital nos 4 vértices da gestão de viagens”, apresentado por Mauro Vicente, da TravelStore, que apresentou e falou sobre o caso da sua empresa.

Para terminar, um painel de debate final moderado por Filipe Barros, da Supply Chain Magazine, “Procurement e Logística: Links inseparáveis numa SupplyChain de sucesso”, com a participação de Pedro Pereira Silva, da Embraer, Rita Pereira, da Whitestar, Gonçalo Serrenho, da Sogenave e Ricardo Rolo. Neste tema final foi debatida a relação entre os departamentos de logística e de procurement, a evolução e inter-relação entre eles, a importância do planeamento, tendo ainda tocado um pouco em temas falados durante o dia, como fora o caso dos responsáveis pelos departamentos de compras não terem as bases necessárias para o desenvolvimento dessa função.

Foi um dia enriquecedor, tanto a nível pessoal como profissional, para a área das compras, que abandonou a luso-capital com uma maior bagagem, cheia de ideias e soluções inovadoras.