O diagnóstico e apresentação de estratégias e propostas concretas para promover modelos inovadores que incentivem o consumo sustentável, a reutilização de recursos e processos produtivos circulares e de maior simbiose com o ambiente foi o desafio lançado aos intervenientes numa iniciativa organizada pela plataforma Portugal Agora dedicada à economia circular.
Promover a transparência de processos, estabelecer estratégias estruturadas de educação e comunicar a relevância do tema da economia circular surgem como algumas das soluções possíveis para o desenvolvimento de modelos inovadores de incentivo ao consumo sustentável, a reutilização de recursos e processos produtivos circulares e com maior simbiose com o ambiente. As soluções exigem um esforço partilhado do Governo e autarquias, empresas e cidadãos, na criação de uma consciência de acção colectiva.
As conclusões foram apontadas na Conferência “Economia circular para acelerar Portugal”, que teve lugar em Lisboa, no final da semana passada, promovida pela plataforma Portugal Agora, em parceria com a Amb3E.
A conferência destacou ainda a oportunidade trazida pela economia circular para a criação de novos modelos de negócio, que podem ser aplicados a todos os sectores da atividade económica numa lógica de responsabilidade alargada desde o produtor ao consumidor e com o potencial da utilização transversal do seu framework, olhando para a cadeia de valor e desafiando os stakeholders a ter em atenção o seu potencial.
A economia circular assenta num processo integrado de reutilização, restauração e renovação e é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre crescimento económico e aumento do consumo de recursos. Promove um modelo de desenvolvimento dinâmico que exige compatibilidade técnica e económica (capacidade e atividade produtiva) mas que também requer enquadramento social e institucional (incentivos e valores).
“Num tempo em que muitos clusters da economia nacional se estão a reinventar, alavancados pela tecnologia e pela transformação digital, pretendemos abraçar os desafios abertos e as oportunidades criadas com uma discussão, acção e execução que permitam o desenvolvimento do país”, afirma Carlos Sezões, coordenador do Portugal Agora.
“Modelos económicos inovadores que assentem na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, como é o caso do conceito de economia circular, são estratégicos para a aceleração económica de Portugal ao mesmo tempo que melhoram o ambiente e a sustentabilidade a longo prazo”.
Carlos Sezões | Coordenador do Portugal Agora
Segundo o Coordenador da plataforma, que se assume um projeto de dimensão estratégica, “definir o quê, como, quando e quem pode fazer e qual o impacto que podemos esperar da adoção de modelos de economia circular nesta conferência é uma oportunidade de conhecimento e aprendizagem de um tema cada vez mais actual e decisivo”.
A economia circular emerge do historial de medidas de incentivo à mudança de paradigma económico, procurando preservar a utilidade e valor dos recursos pelo máximo tempo possível, salvaguardando os ecossistemas e capital financeiro das empresas e sociedade civil.
O motor desta transição assenta no incentivo e desenvolvimento de modelos de negócio, estratégias de colaboração e produtos e serviços baseados no uso eficiente de recursos. Os benefícios possíveis são múltiplos, mas o principal é melhorar a competitividade da economia, gerando iniciativas com forte potencial de exportação e impacto local.
A apresentação de estratégias e propostas para uma acção ampla – que vai do redesenho de processos e produtos até à optimização da utilização de recursos, maximizando a sua reutilização, aumentando a eficiência e desenvolvendo novos modelos de negócios, esteve nesta iniciativa a cargo do Director-Geral da Amb3E, Pedro Nazareth.
Participaram no painel de debate o investigador e especialista em Economia Verde, Fernando Teigão dos Santos, o fundador e Presidente da ReFood, Hunter Halder, a assessora do ministro do Ambiente e da Transição Energética para a Economia Circular, Inês Costa, e a Directora de Comunicação do Lidl, Vanessa Romeu; explorando dimensões complementares associadas a esta temática no sector público, em contexto empresarial e através de plataformas de cidadania activa.



