As exportações da indústria portuguesa de componentes para automóveis diminuíram 4,1% em setembro em termos homólogos, o que leva o presidente da AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel a alertar para a necessidade de criar condições que tornem o setor competitivo.
Assim, tendo como base as Estatísticas do Comércio Internacional de Bens divulgadas a 10 de novembro pelo Instituto Nacional de Estatística, a associação destaca que esta queda nas exportações do setor contrasta com a subida de 14,3% do total das exportações nacionais de bens no mesmo mês. Ainda assim, o setor mantém um peso de 14,7% nas exportações de bens transacionáveis.
Em termos de valor, as vendas ao exterior no mês em análise aproximaram-se dos mil milhões de euros (994 M€). Nos primeiros nove meses do ano, as totalizaram 8,9 mil milhões de euros, o que representa uma diminuição de 3,7% relativamente ao mesmo período de 2024.
A Europa absorveu 88,4% das exportações no acumulado até setembro (-3,6% face a 2024), enquanto a América representou 5,6% (-11,7%). África e Médio Oriente situaram-se nos 4,4% (+15,8%) e a Ásia e Oceânia nos 1,5% (-18,9%).
Por países, Espanha responde por 29,0% de quota (+0,2%), seguida da Alemanha, com 22,1% (-10,9%), e da França, com 8,6% (-0,8%). Os Estados Unidos registam 4,4% (-14,2%) e o Reino Unido 3,9% (-12,2%). A contrariar a tendência de queda estão países como a Roménia (+30,8%), Marrocos (+27,6%) e Turquia (+17,6%).
Em comunicado, a AFIA sublinha que “a evolução recente espelha os desafios que têm vindo a afetar a competitividade da indústria europeia com uma pressão regulatória e incerteza normativa, volatilidade da procura e das cadeias de abastecimento, intensificação da concorrência internacional (nomeadamente de geografias com menores custos e forte apoio estatal), bem como déficit em áreas críticas da tecnologia e custos financeiros exigentes relacionados com os investimentos na transição energética, digitalização, automação e requalificação de trabalhadores”.
“Os números de setembro continuam a mostrar a ligação a projetos europeus e de empresas europeias a produzir fora da Europa, mas também deixam um alerta: sem competitividade, Portugal e a Europa arriscam perder terreno nas cadeias globais de valor (…). Precisamos de estabilidade legislativa, custos de contexto mais baixos e execução mais rápida dos programas de apoio para acelerar o investimento em tecnologia, eficiência energética e qualificação. O setor exporta, cria emprego qualificado e é inovador, mas para continuar a crescer tem de poder produzir e investir em condições comparáveis às dos nossos concorrentes”, defende o presidente da AFIA, José Couto.



