O Porto de Lisboa voltou a assumir um papel de destaque no panorama europeu da sustentabilidade portuária ao presidir à mais recente reunião do Comité de Desenvolvimento Sustentável da ESPO – Associação Europeia de Portos Marítimos. A sessão, que reuniu representantes de mais de uma dezena de portos europeus, teve como foco central a descarbonização da atividade portuária e do transporte marítimo, um dos maiores desafios da transição energética no setor.
Durante os trabalhos, a ESPO apresentou um conjunto de iniciativas estratégicas da Comissão Europeia, entre as quais se destacam a Estratégia Portuária Europeia, a Estratégia para a Indústria Marítima e o Plano de Investimento para Transportes Sustentáveis (STIP). Em debate esteve também a implementação do Regulamento sobre a Infraestrutura de Combustíveis Alternativos (AFIR) e a revisão de instrumentos legislativos cruciais como a Diretiva Quadro da Água e a Diretiva relativa aos meios portuários de receção de resíduos navais (PRF Directive).
A nível internacional, mereceu destaque a adoção, no âmbito da Convenção OSPAR, da proibição gradual da descarga em águas costeiras de água proveniente dos scrubbers – sistemas de depuração de gases de escape dos navios. Foi igualmente abordada a aprovação da regulamentação “zero emissões” para o transporte marítimo mundial pela Comissão de Proteção do Ambiente Marinho da OMI – Organização Marítima Internacional.
Outro tema em análise foi a revisão do Environmental Shipping Index (ESI), sistema de classificação da IAPH – Associação Internacional do Setor Portuário – que se pretende alinhar com os novos regulamentos internacionais e com a estratégia global de descarbonização da OMI.
Em linha com estas discussões, a Administração do Porto de Lisboa (APL) tem vindo a consolidar a sua estratégia de descarbonização, com investimentos robustos em infraestruturas OPS (Onshore Power Supply), iniciados em 2023 e que deverão totalizar cerca de 2,7 milhões de euros até ao final deste ano. O objetivo é reduzir de forma significativa as emissões de CO₂, NOx, SOx e partículas, posicionando o porto na vanguarda da transição energética portuguesa e europeia.
Entre as iniciativas complementares destacam-se o Environmental Port Index (EPI), que permite monitorizar em tempo real as emissões atmosféricas dos navios, e a instalação de fontes de energia renovável nas infraestruturas portuárias. Estas medidas reforçam a atratividade do porto para operadores que valorizam critérios ambientais e contribuem para a melhoria da qualidade do ar urbano.
A APL tem ainda promovido práticas de governance colaborativa, como o Comité de Sustentabilidade da Atividade de Cruzeiros em Lisboa e a sua liderança no Comité de Sustentabilidade da ESPO, reforçando o papel do Porto de Lisboa como interlocutor privilegiado entre a agenda europeia de sustentabilidade e a realidade portuária nacional.



