Com receitas superiores a mil milhões de euros e crescimento expressivo no negócio de encomendas, os CTT revelaram no Capital Markets Day 2025, realizado a 4 de novembro, um plano ambicioso para se tornarem líderes ibéricos em e-commerce e logística até 2028. A estratégia assenta em três pilares e marca a consolidação do grupo como operador logístico integrado na Península Ibérica.
O Capital Markets Day 2025 confirmou aquilo que já vinha a desenhar-se: o centro de gravidade do grupo mudou. A prioridade já não é o correio, mas sim o e-commerce logístico, com os CTT a posicionarem-se como plataforma ibérica capaz de combinar cobertura D+1, serviço cross-border e soluções completas de última milha.
A ambição é clara — “#1 na Ibéria” no segmento Courier, Express & Parcel (CEP) num horizonte de três a cinco anos — e sustentada por resultados robustos: EBIT recorrente a crescer 35,4% nos primeiros nove meses de 2025, e uma área de encomendas e logística que já representa quase metade das receitas do grupo.
Três pilares de crescimento
1. Parceria estratégica com a DHL
A joint-venture CTT-DHL, anunciada no final de 2024, cria uma rede ibérica combinada com cobertura total e especialização dual: CTT Expresso no B2C e DHL Parcel Iberia no B2B. A parceria dá origem a uma estrutura com capacidade conjunta superior a 1 milhão de envios por dia, colocando o grupo português numa nova liga de concorrência europeia.
2. Aquisição da Cacesa
A compra da empresa espanhola de logística e desalfandegamento — com forte presença em fluxos extra-UE — reforça a capacidade cross-border e posiciona os CTT mais perto de marketplaces e operadores globais. A empresa não só acede deste modo a novos mercados, como consolida a sua oferta end-to-end para o comércio eletrónico.
3. Expansão da rede Out-of-Home (OOH)
A aposta em lockers e pontos PUDO (pick-up/drop-off) é um eixo essencial para reduzir falhas de entrega e custos de “last mile”. A rede já ultrapassa os 20 mil pontos na Península, incluindo mais de 1.100 lockers, e deverá crescer exponencialmente até 2030, com impacto direto na sustentabilidade urbana e na conveniência do consumidor.
Impacto na cadeia de abastecimento ibérica
A ofensiva dos CTT redefine o mapa logístico peninsular. Para as empresas de e-commerce e retalho, significa maior cobertura, prazos mais curtos e integração transfronteiriça simplificada. Para os prestadores logísticos e parceiros de transporte, representa uma nova referência competitiva, com potencial de concentração do mercado. E, para as cidades, uma oportunidade de reduzir tráfego e emissões, através de uma última milha mais eficiente e desmaterializada.
Com as sinergias da DHL e da Cacesa, os CTT passam a ter uma presença ibérica completa: de Lisboa a Madrid, de Barcelona ao Porto. Mas, a execução será determinante. Integrar culturas, sistemas e processos numa única plataforma operacional é o verdadeiro teste da nova ambição.
Ainda assim, a leitura dos mercados é clara: o plano é sólido, as bases financeiras estão lançadas e a estratégia alinha-se com as grandes tendências europeias de integração logística, digitalização e descarbonização do transporte de encomendas.
FOTO: CTT - Correios de Portugal



