Mesmo com as tarifas norte-americanas no nível mais alto desde os anos 1930, o comércio mundial não abrandou. A nova edição do DHL Global Connectedness Tracker, elaborada em parceria com a NYU Stern School of Business, confirma que a globalização mantém o seu fôlego — e que África está a emergir como uma das novas protagonistas do mapa comercial. A apresentação pública do relatório decorreu ontem, 14 de outubro, numa sessão online dedicada às mudanças nas rotas e nos centros de crescimento global.

A conferência online, intitulada “Mudanças no Comércio Global – Foco em África”, contou com a participação de John Pearson, CEO da DHL Express, e Steven A. Altman, professor da NYU Stern e autor principal do relatório e no encontro foram analisadas as mudanças geográficas e as novas áreas de crescimento comercial, com particular atenção à África do Sul e ao papel estratégico da região no comércio internacional, bem como ao foco da DHL em novas oportunidades de expansão geográfica.

O DHL Global Connectedness Tracker 2025 resulta da análise de mais de 20 milhões de dados provenientes de 25 fontes internacionais, oferecendo a primeira avaliação sistemática das mudanças no comércio e no investimento internacional desde o início dos aumentos tarifários e das alterações na política comercial dos EUA em 2025.

Apesar dessas tensões, o relatório mostra que o comércio global cresceu ao ritmo mais rápido em 15 anos, excetuando o período de recuperação pós-pandemia. As previsões apontam para um crescimento anual médio de 2,5% entre 2025 e 2029, próximo do ritmo da última década, mas ligeiramente abaixo da estimativa anterior de 3,1%.

A América do Norte é a região mais penalizada, com o crescimento projetado a cair de 2,7% para 1,5%. Em contrapartida, as previsões foram revistas em alta para a América do Sul, Caraíbas e Médio Oriente e Norte de África, onde o impacto tarifário é menor e o dinamismo energético e logístico se intensifica.

Na primeira metade de 2025, o comércio internacional registou o maior crescimento semestral desde 2010. As importações norte-americanas aumentaram fortemente antes da subida das tarifas, enquanto a China compensou as perdas nos EUA com mais exportações para a ASEAN, África e Europa, mantendo volumes acima dos níveis de 2024.

“As barreiras comerciais não servem os melhores interesses do mundo, mas nunca devemos subestimar a criatividade de quem quer continuar a fazer negócios além-fronteiras”, afirmou John Pearson, CEO da DHL Express.

O relatório evidencia também que, ao contrário da perceção de desglobalização, o comércio mundial está a percorrer distâncias recorde – cerca de 5.000 km em média –, e que a quota de trocas dentro das principais regiões caiu para 51%, o valor mais baixo de sempre.

Em paralelo, os investimentos internacionais mostram-se igualmente resistentes: o volume de fusões e aquisições transfronteiriças manteve-se estável, e não há sinais de uma migração significativa de capital para dentro das fronteiras nacionais.

Para Steven Altman, diretor da DHL Initiative on Globalization na NYU Stern, “as tendências de comércio e investimento em 2025 não apoiam a ideia de que a globalização está em retrocesso. As empresas continuam a gerir riscos num mundo conectado, não a recuar para os seus mercados domésticos.”

Com base na análise de fluxos de comércio, capital, informação e pessoas, o relatório mede o grau global de integração económica, atualmente em 25%, o valor mais alto desde que o índice existe. Para a DHL e a NYU Stern, o dado confirma que, mesmo com novos muros tarifários, o mundo continua a mover-se e a negociar para lá das fronteiras.