Liderar na logística exige elasticidade, visão e sensibilidade para decidir quando inspirar, quando delegar ou quando agir com firmeza. Acreditar que um único estilo serve para todas as situações é uma ilusão. Não há fórmula mágica, mas sim uma responsabilidade contínua de adaptação, pelo menos na ótica de Sandra Durães. Saiba porquê.
E se o verdadeiro avanço da liderança logística estivesse menos em encontrar um modelo perfeito e mais em permitir que ele evolua connosco?
Num setor como a logística, moldado por volatilidade, complexidade e urgência constante, esperar que um único tipo de liderança sirva todas as situações é como tentar navegar um porto agitado com uma bússola rígida. A liderança logística, mais do que qualquer outra, exige plasticidade e consciência contextual.
Ao longo da história, vários modelos de liderança foram propostos — do autocrático ao transformacional, passando pela liderança situacional ou mesmo pela emergente liderança ágil. Cada um destes estilos possui mérito, e todos têm o seu lugar consoante o momento, a maturidade da equipa e os objetivos organizacionais.
Na logística, onde o contexto muda ao minuto, o líder eficaz é o que sabe adaptar-se.
Liderar não é impor uma forma de estar, mas reconhecer o momento certo para inspirar, para delegar ou para decidir com firmeza. Essa agilidade de estilo, tão bem expressa no modelo situacional (Hersey & Blanchard), é uma vantagem competitiva clara. E os estilos mais tradicionais, como o diretivo ou autocrático, continuam a ser valiosos em contextos de crise ou elevada responsabilidade.
Liderar, na sua essência, não é sobre cargos — é sobre impacto. E esse impacto ganha outra dimensão quando olhamos para a diversidade (ou falta dela) no panorama logístico atual. A liderança feminina ainda representa uma minoria no setor, mas esse número começa a mudar, e com ele, o próprio conceito de liderança.
Mulheres em cargos de liderança logística tendem a trazer nuances importantes: maior escuta ativa, uma abordagem colaborativa, uma leitura mais empática das equipas e, muitas vezes, uma liderança mais transformacional. Estes traços, frequentemente associados, mas não exclusivos ao perfil feminino, têm-se revelado valiosos para melhorar a comunicação entre áreas, fomentar ambientes de confiança e promover inovação contínua dentro das empresas.
Liderar com propósito não é apenas inspirar os outros — é ter a coragem de nos reinventarmos também.
Liderar na logística do futuro será cada vez menos sobre autoridade reativa e mais sobre empatia estratégica. E para isso, precisamos de modelos inclusivos e líderes com coragem para aprender, desaprender e reaprender. Precisamos de lideranças que não se limitem a gerir processos, mas que sejam capazes de transformar culturas — uma decisão, uma equipa, uma cadeia de abastecimento de cada vez.
Mais do que líderes eficazes, são precisos líderes evolutivos.
A liderança na logística está a atravessar um ponto de inflexão. Os modelos tradicionais continuam a ser relevantes, e até necessários, mas o futuro pertence a quem for capaz de integrar competências humanas com inteligência analítica e sensibilidade organizacional.
Não se trata de promover um género ou um estilo. Trata-se de promover lideranças que inspirem mudança.
Num setor onde tudo se move depressa, que a nossa liderança seja a força que não apenas acompanha… mas que conduz essa mudança.
Sandra Durães, Service Manager | Logista Pharma · Professora Convidada na Licenciatura em Gestão da Distribuição e da Logística (ESCE, IPS)
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