A logística está a entrar numa nova fase. Depois da eficiência e da inovação, o próximo salto será estratégico, multidimensional e coletivo. Três especialistas explicam como tecnologia, adaptação e colaboração irão redefinir as cadeias de abastecimento nos próximos anos.
Para Pedro Chainho, Head of Supply Chain da Worten, estamos a viver “a terceira fase de evolução da supply chain”. Da loja física ao e-commerce omnicanal, chegámos agora à era dos marketplaces, marcada pela integração de múltiplos sellers, geografias e stocks.
O desafio? Garantir ao cliente uma experiência consistente, independentemente da origem do produto. “Cabe à supply chain orquestrar este ecossistema global e assegurar que a promessa feita ao cliente é cumprida com rigor — ‘anything, anywhere, anytime’”, sublinha.
Se o retalho trouxe novas dinâmicas, a incerteza global reforçou as vulnerabilidades. Segundo Gisela Santos, diretora de Gestão e Engenharia Industrial do INEGI, os três fatores críticos do futuro são incerteza, complexidade e exigência. “As cadeias precisam de maior visibilidade e coordenação. A inteligência artificial e a análise de dados são essenciais para responder mais rápido e com mais eficiência”, afirma. Mas alerta: a adoção tecnológica em Portugal ainda é lenta, travada pela falta de competências, resistência institucional e ausência de standards.
Para Luís Freitas, diretor-geral de Logística Ibérica da Luís Simões, o caminho é claro: colaboração em rede. “A logística do futuro será menos sobre eficiência isolada e mais sobre adaptabilidade coordenada”, defende. Digitalização, IoT, IA e plataformas partilhadas serão catalisadores de ecossistemas mais ágeis, transparentes e resilientes. A resiliência deixará de ser exceção para passar a ser estrutural, com redes flexíveis, múltiplos parceiros e redundância.
Seja no retalho, na consultoria ou na operação logística, a mensagem converge: o próximo salto não será solitário. Será dado por quem souber ler a mudança, integrar tecnologia e colaborar em rede. Mais do que mover produtos, a logística do século XXI moverá confiança, visão e capacidade de adaptação.
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