A nomeação de François Provost para CEO do Renault Group marca um momento simbólico para a função de compras, sublinhando o seu papel cada vez mais estratégico na liderança empresarial e na construção de cadeias de valor resilientes.
Num contexto desafiante para a indústria automóvel, marcado pela transição para a mobilidade elétrica, pela pressão sobre as margens e pela necessidade de alianças globais, o Renault Group escolheu um líder com ADN de compras para o seu topo executivo. François Provost, até agora diretor de Compras, Parcerias e Relações Públicas da marca francesa, assume a presidência executiva e o cargo de chairman, sucedendo a um período de liderança interina.
A promoção envia um sinal claro: a função de compras já não é apenas operacional: é estratégica, transformadora e determinante para a sustentabilidade e competitividade das empresas. Para além da gestão de custos, exige hoje garantir cadeias de abastecimento sólidas, inovadoras e alinhadas com objetivos de valor e posicionamento de marca, num cenário geopolítico volátil.
Com uma carreira de mais de duas décadas na Renault, Provost traz ao cargo uma perspetiva única: antes de liderar as Compras, ocupou funções de topo como CEO da Renault Portugal (2005-2008), COO das operações na Rússia (2010-2011) e CEO da Renault Samsung Motors (2011-2016). Foi ainda conselheiro do Ministério da Defesa de França para as relações com a indústria e desempenhou um papel central no desenvolvimento de parcerias estratégicas com empresas como a Nissan e a Geely.
Numa publicação no Linkedin, Provost destacou quatro prioridades para o grupo: manter o produto no centro da estratégia, reforçar a performance operacional em todos os níveis, fazer crescer e apoiar a rede de parceiros (em especial concessionários e fornecedores) e colocar as pessoas no centro, como “o maior trunfo e ADN da Renault”. O gestor sublinha ainda que, apesar das bases sólidas lançadas pela “Renaulution” em 2021, é essencial “acelerar a transformação” para enfrentar as disrupções tecnológicas, regulatórias e geopolíticas que afetam o setor.
Tendo assumido funções a 31 de julho, com um mandato de quatro anos, o novo CEO enfrenta o desafio de conduzir a transformação da Renault num momento de viragem para o setor automóvel. A sua visão, moldada pela experiência em compras e pela compreensão transversal da cadeia de valor, poderá ser um trunfo decisivo para reforçar a resiliência e a competitividade do grupo no cenário global.