O estudo “Logistics Confidence Index Portugal”, lançado pela CBRE, avança que o setor logístico nacional se mantem resiliente e com claras intenções de investimento este ano, apesar do contexto económico e operacional se apresentar desafiante.
O índice de confiança dos operadores desceu para os 51,7% – menos 2,5% do que em 2024 – mas revela que o setor continua proativo e orientado para o crescimento. Segundo os resultados do inquérito, 57% dos operadores logísticos nacionais esperam um aumento das receitas em 2025, enquanto 58% prevê investir significativamente para reforçar a eficiência e a competitividade das suas operações.
A expansão das operações continua a fazer parte dos planos dos operadores, mas de forma mais seletiva e baseada em análise de dados. Cerca de 51% dos inquiridos manifesta a intenção de aumentar a capacidade de armazenamento, dando especial relevância à localização estratégica. A região da Grande Lisboa mantém-se como o principal hub logístico do país, destacando-se como o polo mais atrativo para a expansão e consolidação da atividade logística.
Contudo, na área do mercado imobiliário logístico, a escassez é uma realidade. A taxa de disponibilidade em Lisboa é de 2,8% e, no Porto, é inferior a 1%. Estes dados contrastam com a realidade no mercado europeu (5,2%) e até mesmo com o mercado espanhol, como Madrid (10,5%) ou Barcelona (cerca de 5%).
A limitação de espaços disponíveis originou um aumento dos preços das rendas. Desde o início da pandemia até à data, o preço prime por m² em Lisboa subiu 50% e, no Porto, 70%. Ainda assim, a escassez de disponibilidade não levou a um recuo da dinâmica comercial. Em 2024 arrendaram-se 427.000 m² no território nacional, e espera-se uma dinâmica positiva nos primeiros dois trimestres do ano.
A expansão do e-commerce, a crescente procura por maior eficiência de custos e a modernização das infraestruturas logísticas estão entre os fatores que continuam a impulsionar o setor, segundo o estudo. Estes vetores estão a redefinir os critérios de decisão do setor, com uma valorização da localização, da flexibilidade contratual e da certificação ESG no momento de selecionar os ativos.
“O primeiro semestre de 2025 foi bastante positivo, com vários negócios relevantes, como foram os arrendamentos da Go Logistics no VGP Park Sintra, da IsKayPet no Logoplace ou da HomyCasa no Panattoni Park Valongo (…). Toda esta atividade no primeiro semestre resultou na ocupação da maioria dos projetos que estavam disponíveis, pelo que, a taxa de disponibilidade está, neste momento, em cerca de 1-2% nas zonas logísticas de Lisboa e Porto, o que poderá colocar pressão acrescida nas rendas nos próximos meses, e criar mais dificuldades às entidades que têm necessidade de novos espaços”, afirma Nuno Torcato, diretor Industrial e Logística da CBRE Portugal.