A logística de frio, peça-chave na cadeia de abastecimento alimentar, enfrenta hoje desafios cada vez mais exigentes e complexos. Do controlo rigoroso da temperatura à rastreabilidade em tempo real dos bens alimentares, passando pela necessidade de reduzir o impacto ambiental e aumentar a eficiência, o setor exige soluções integradas, inovação constante e uma estratégia de longo prazo. No centro desta transformação, identifico três pilares fundamentais que sustentam o caminho para o futuro: tecnologia, energia e pessoas.

Automação e tecnologia: inevitáveis

A automação é, atualmente, uma realidade incontornável no setor logístico. Na nossa operação, esta não surge como um fim em si mesma, mas como uma resposta a necessidades concretas. Avaliamos cuidadosamente cada processo e, sempre que se comprova que uma solução de automação aporta valor, avançamos. Esta abordagem é especialmente crítica num ambiente de frio, positivo ou negativo, onde os investimentos são significativamente mais exigentes. 

Ao longo dos anos, as plataformas do setor foram integrando automatismos que permitem responder melhor às exigências dos clientes, otimizando recursos e garantindo maior fiabilidade nos processos.

A par da automação, a integração tecnológica também é fundamental. Os sistemas logísticos estão hoje interligados, proporcionando uma visão global e uma qualidade de informação que potencia decisões mais rápidas e informadas. A Inteligência Artificial já faz parte do nosso quotidiano, auxiliando na previsão de volumes, gestão de recursos e otimização de rotas. Estas ferramentas não substituem o fator humano, mas complementam-no, aumentando a capacidade de resposta num setor onde a margem de erro é nula. 

Energia: sem ela, nada se faz

A energia é um fator crítico nas atividades da logística de frio. Conscientes da sua relevância, os players do setor devem atuar em várias frentes: os sistemas refrigerados são mais eficientes e ambientalmente neutros; a iluminação LED tornou-se norma e é cada vez mais comum ver painéis fotovoltaicos para redução de consumo. 

Investir em energia sustentável não é apenas uma opção ambiental – é um imperativo estratégico e económico para garantir a competitividade e a resiliência das nossas operações. 

Pessoas: o verdadeiro motor da logística

Apesar da crescente automação, há uma certeza que permanece inabalável: são as pessoas que fazem a diferença. As equipas da logística e do transporte são a espinha dorsal das nossas operações. Por isso, as empresas do setor devem desenvolver políticas de recursos humanos focadas em atrair talento, reter as pessoas e oferecer as melhores condições de trabalho possíveis.

Um ambiente organizacional saudável, com equipas motivadas e comprometidas, é essencial para entregar um serviço de excelência e construir relações de confiança duradouras com os parceiros e clientes. Investir em pessoas é investir em qualidade, eficiência e sustentabilidade.

Por fim, acredito que o futuro do setor da logística de frio será mais exigente, mais tecnológico e mais sustentável. Será construído com base na capacidade de inovar, no compromisso com as pessoas e na visão de longo prazo. Acredito que só cresceremos de forma sustentada se o fizermos lado a lado com os nossos clientes, superando cada desafio com determinação e antecipação. A logística de frio no século XXI exige nada menos que isso.

Luís Mota, diretor comercial | STEF Portugal