O setor dos Transportes e Logística ocupa uma posição central no ecossistema empresarial, ao interligar a produção, a distribuição e o consumo, garantindo que os bens e serviços chegam até ao consumidor de forma rápida e eficaz. Perante os atuais desafios económicos e geopolíticos globais, a capacidade logística tornou-se um diferencial competitivo para organizações com atividades de qualquer área. Neste contexto, nunca foi tão urgente a gestão de talento neste setor de futuro.
O crescente papel da logística nas empresas resulta da complexidade das cadeias de abastecimento, aliada às expectativas cada vez mais exigentes dos consumidores, que esperam obter entregas rápidas e personalizadas. Por isso, esta é uma área encarada como uma alavanca estratégica, essencial para a inovação e para o desenvolvimento das organizações. Contudo, enfrenta também alguns desafios, nomeadamente no que diz respeito à atração e à retenção de talento qualificado.
De acordo com os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, para o segundo trimestre de 2025, o setor de Transportes, Logística e Automóvel surge como o segundo com as maiores intenções de contratação, com uma Projeção de +28%. No entanto, apesar deste dinamismo nas previsões de criação de emprego, este é também um dos setores que mais dificuldades tem em atrair talento qualificado: segundo dados do Global Talent Shortage de 2025, 85% das empresas do setor afirmam não conseguir encontrar o talento de que necessitam. Este é um valor em crescimento, que representa um aumento de 11 pontos percentuais face ao registado em 2024, sendo que as funções de Operações e Logística são as mais procuradas e difíceis de contratar para 20% dos empregadores nacionais e para 32% das empresas deste setor.
Para além dos desafios na atração de talento, o mais recente Global Talent Barometer do ManpowerGroup revela, ainda, que os profissionais de Logística e Transportes estão entre os que apresentam um menor sentimento de equilíbrio entre vida e trabalho, menores índices de confiança quanto às oportunidades de desenvolvimento de competências (71% vs 73% da média global de todos os setores), bem como quanto às oportunidades de desenvolvimento de carreira, com apenas 1 em cada 5 a acreditar que tem perspetivas claras de crescimento na sua função. Por outro lado, quase 6 em cada 10 trabalhadores (59%) deste setor revelam satisfação com o seu trabalho atual, com uma menor probabilidade em mudar de emprego por iniciativa própria nos próximos 6 meses, e 71% manifestam confiança na segurança do seu emprego atual. Este resultado sinaliza às organizações que, embora a retenção de talento não pareça ser hoje preocupante, é fundamental que trabalhem na valorização da experiência desse talento, no sentido de ir ao encontro das aspirações dos seus trabalhadores, assegurando a sua fidelização futura.
Para além dos benefícios salariais, criar ambientes de trabalho que promovam a flexibilidade possível, para promover um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, oferecer percursos claros e personalizados de desenvolvimento contínuo e apostar na formação através de programas de reskilling e upskilling revelam-se fatores-chave para promover a satisfação dos profissionais e, ao mesmo tempo, garantir que estão preparados para lidar com os constantes desafios do setor e a sua crescente digitalização.
Mais do que compreender a importância do setor de Transportes e Logística na atualidade, importa refletir sobre o seu futuro, que depende, acima de tudo, da capacidade das empresas para atrair, desenvolver e reter talento, numa área que é, cada vez mais, um motore-chave para o crescimento da nossa economia.
Pedro Amorim | Corporate Sales Director | ManpowerGroup